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Amarante
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Jorge Pinto reeleito pelo LIVRE: “Queremos dar mais liberdade real às pessoas”

Jorge Pinto, deputado reeleito pelo partido LIVRE nas legislativas de 18 de maio, pelo círculo eleitoral do Porto, voltou ao Parlamento com a mesma convicção com que entrou pela primeira vez há pouco mais de um ano.

Redação

Natural de Amarante, o deputado destaca a responsabilidade acrescida que sente nesta nova legislatura e defende uma intervenção política ancorada na coesão territorial, no reforço dos serviços públicos e numa nova narrativa para a esquerda.

“Se há um ano tive a sorte e o privilégio de ser o primeiro deputado de sempre do LIVRE no Porto, este ano confirmamos a eleição e acrescentamos mais um deputado. É a prova de que o partido tem espaço para crescer também fora de Lisboa”, afirma Jorge Pinto, sublinhando que o objetivo passa por conquistar novos distritos no Norte, como Braga e Aveiro.

Obras ferroviárias paradas desde 2009

Entre as prioridades para a região do Tâmega e Sousa, Jorge Pinto evidencia, com particular preocupação, o estado da mobilidade. “Sou de Amarante, onde em 2009 encerraram a linha de caminho de ferro para obras… até hoje. O mesmo se aplica à linha do Sousa, que em teoria ligará o Porto a Felgueiras, assim esperamos”, critica.

O deputado do LIVRE reforça ainda a defesa da ligação de alta velocidade Porto-Madrid passando por Trás-os-Montes. “Na minha ótica, deve passar por Amarante, Vila Real, Bragança, e ligar-se depois a Zamora, do lado espanhol. Isto permitiria aproximar Amarante, não só em termos de tempo, mas também de desenvolvimento e de distribuição da riqueza”.

Desigualdade dentro do mesmo distrito

O contraste económico entre o interior e o litoral do distrito do Porto é outro dos pontos que quer ver corrigidos. “Estamos a comparar uma das cidades mais ricas do país, o Porto, com Amarante, que está na zona mais pobre em PIB per capita de Portugal inteiro. Isto é em 60 quilómetros. Algo está profundamente errado”, alerta Jorge Pinto, acrescentando que “é insustentável termos um hospital em Amarante construído mas subaproveitado, quando em Penafiel temos um hospital sobrelotado”.

Regionalização como imperativo constitucional

Entre as medidas estruturais que defende, Jorge Pinto coloca a regionalização no centro da sua ação legislativa. “É não só um imperativo constitucional — a Constituição diz que Portugal deve ter regiões — como estou confiante de que é a melhor forma de desenvolver o interior do país e, no nosso caso, o interior do distrito do Porto também”, defende.

O deputado recorda que chegou a apresentar um projeto de regionalização antes da dissolução da anterior legislatura: “Não foi agendado porque o Parlamento deixou de funcionar, mas já deu entrada e agora, nas primeiras semanas, iremos agendá-lo”.

Uma nova grande narrativa para a esquerda

Sobre os resultados eleitorais, o deputado reconhece o declínio da esquerda tradicional e aponta falhas na comunicação e adaptação aos novos tempos. “Acho que a esquerda falhou porque ainda não conseguiu dar uma nova grande narrativa às pessoas. Já não basta cantar o ‘Grândola’. Temos de dar um grande objetivo de desenvolvimento ao país, algo ambicioso e a longo prazo”, afirmou.

Para Jorge Pinto, a ascensão da extrema-direita e a queda do PS explicam-se também pela forma como as redes sociais e os meios de comunicação influenciam o eleitorado. “Hoje em dia, as redes sociais sabem mais de nós próprios do que nós mesmos. E não há qualquer controlo democrático sobre os algoritmos. As televisões, em particular, dão um tempo de antena desproporcional à extrema-direita”, acusa.

Liberdade como legado

Questionado sobre a marca que quer deixar no Parlamento, Jorge Pinto responde sem hesitações: “Quero reforçar e renovar esta ideia de liberdade no seu sentido mais pleno: a liberdade de ter uma casa a preço justo, de ser tratado no SNS, de ter acesso a creches, a educação de qualidade, de ter mobilidade e, acima de tudo, a liberdade ao tempo – o tempo para estarmos com as nossas famílias”.

Apesar da responsabilidade nacional que carrega enquanto deputado da República, Jorge Pinto não esquece as suas raízes. “Felizmente, sendo reeleito, acho que consegui provar que não me esqueci de onde sou. Sempre que tive oportunidade de falar da nossa região no Parlamento, falei. Sempre que pude apresentar propostas, apresentei”.

O deputado deixa ainda uma promessa à população do Tâmega e Sousa: “Estou comprometido com esta função e com a causa. Trabalharei para dar mais liberdade real às pessoas. Isso é bom para quem está em Amarante, mas também para quem está em Vila Real de Santo António ou em qualquer outro ponto do país”.