Natural da freguesia de São Lourenço do Douro, Jonathan já trabalhava no setor dos granitos há mais de dez anos quando decidiu emigrar. “O que nos levou a sair do país foi a crise económica que Portugal/Europa atravessava em 2009, emigrámos para procurar uma vida financeira mais estável”, conta o casal.
Confrontados com um futuro incerto, Jonathan e Marlene começaram a ponderar sair do país, mas o emigrante confessa que: “É sempre difícil tomar este tipo de decisões”. No entanto, pela perspetiva de Jonathan, ele não era o único a contemplar esta decisão: “Na altura, muitas pessoas que conhecíamos também decidiram emigrar. Foi uma onda de jovens adultos a fazer essa escolha, porque também não havia muita alternativa”.
Assim, Jonathan foi o primeiro a ir para a Suíça e Marlene, natural da freguesia de Vila Boa do Bispo, ficou mais algum tempo em Portugal até acabar por deixar o emprego de “técnica auxiliar de fisioterapia na clínica da Arrifana” para se juntar ao marido.
Emigrar é um desafio com as suas dificuldades, mas Marlene Novais conta que: “Nesse aspeto tivemos a vida bastante facilitada. O meu pai já era emigrante na Suíça, por isso já sabíamos para onde íamos e como era a vida aqui”. O apoio da família “foi um grande suporte no início” e essa rede de apoio tornou esta transição “mais fácil para mim, isso e o facto de ter cá o meu pai e já ter vivido aqui em criança”, acrescentou Marlene.
A casa do pai foi a primeira morada do casal no estrangeiro e, apesar destas “ajudas”, Jonathan ainda sentiu algumas dificuldades a adaptar-se a esta nova realidade. “Para mim foi mais difícil, o trabalho era muito pesado e a língua alemã/suíça é mesmo difícil, mas com o tempo e com o convívio vamos aprendendo e nos adaptando”.
A língua é só a primeira de muitas diferenças e o casal sentiu um choque cultural a vários níveis. “Para mim, tudo foi um choque cultural – a comida, os horários, a língua, a forma como pensam”, salienta Jonathan. Já Marlene entra mais em detalhe nas principais diferenças entre os portugueses e os suíços: “Para mim, a maior diferença cultural é a forma mais simples como se vive cá, e cada um muito na sua própria vida! Recordo-me de quando comecei a trabalhar, todos se tratavam por ‘tu’, desde o pessoal da limpeza, passando por professores e os diretores da escola”, salientou.
Mesmo na vida do dia a dia, os dois países não têm comparação: “A vida aqui começa mais cedo. Temos apenas uma hora de diferença de Portugal, mas às vezes parece muito mais, porque o dia começa mais cedo”, refletem marido e esposa.
A cultura e maneira de ser parecem completamente diferentes e o mesmo se aplica à forma como as pessoas encaram as suas carreiras e empregos. Jonathan Marques trabalha atualmente em catenária (cabos de alta tensão nas linhas de comboio) e Marlene Novais trabalha a meio tempo numa escola de crianças com necessidades especiais como auxiliar de serviços gerais e “o outro meio tempo sou mãe”.
Perante as experiências profissionais, o casal partilha visões diferentes de como os trabalhadores são valorizados. “O que sinto, pelo que vivi, é que em Portugal temos de agradecer por nos darem trabalho, e aqui agradecem-nos por trabalhar”, comenta Jonathan. Da sua parte, Marlene diz sentir: “Que me dão valor no trabalho, mas não sinto que seria diferente do que em Portugal”.
Se por um lado discordam, do outro já estão mais uma vez em sintonia, especialmente no que se trata das saudades da terra natal: “Sentimos mais saudades do sol, da família, dos amigos e da nossa comida boa”, frisa o casal.
Emigrar foi, para Jonathan e Marlene, a solução para uma vida melhor e o casal recomenda o mesmo para casais que, tal como eles, estão a ponderar fazer esta mudança, deixando-lhes um simples conselho: “Para quem quer emigrar, o mais importante é aprender o idioma para onde se decide ir viver, porque facilita a integração no dia a dia”.