Portugal participa no conclave de sucessão a Francisco com quatro cardeais eleitores, um número inédito desde a criação do colégio cardinalício.
Pela primeira vez desde a criação do colégio cardinalício, Portugal marca presença com quatro cardeais eleitores no conclave que elegerá o novo líder da Igreja Católica, sucedendo ao Papa Francisco. Os cardeais António Marto, Américo Aguiar, Manuel Clemente e Tolentino de Mendonça serão os representantes portugueses neste momento decisivo para a Igreja, cuja data ainda não foi oficialmente divulgada.
A presença de quatro portugueses no colégio eleitoral é um feito sem precedentes e reforça o papel crescente de Portugal na esfera católica global. A estes juntam-se mais nove cardeais de países lusófonos: sete do Brasil, um de Cabo Verde e um de Timor-Leste, reforçando o peso da lusofonia na Igreja.
António Marto
Natural de Chaves, António Marto é o mais velho dos cardeais eleitores portugueses. Com 77 anos, destacou-se como bispo de Leiria-Fátima, onde liderou as celebrações do centenário das aparições de Fátima e acolheu visitas papais de Bento XVI e Francisco. Ordenado em Roma em 1971, é reconhecido pela sua ligação aos movimentos sociais católicos e ao mundo académico. Foi elevado a cardeal em 2018.
Américo Aguiar
O mais jovem dos quatro, Américo Aguiar, de 51 anos, ganhou notoriedade ao presidir à organização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023. Antigo bispo auxiliar de Lisboa e atual bispo de Setúbal, tem um percurso marcado pela comunicação social católica, pela ligação aos Bombeiros Portugueses e pela proximidade à juventude. Foi nomeado cardeal em 2023.
Manuel Clemente
Antigo Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente tem 75 anos e é uma das figuras mais respeitadas da Igreja portuguesa. Licenciado em História e doutorado em Teologia, é conhecido pelo seu envolvimento académico e escutista. Recebeu o prémio Pessoa e foi nomeado cardeal em 2013, cargo que coincide tradicionalmente com o exercício no Patriarcado de Lisboa, de onde saiu em 2023.
Tolentino de Mendonça
Madeirense, poeta e teólogo, Tolentino de Mendonça é atualmente prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, no Vaticano. Com 59 anos, é um dos intelectuais mais reconhecidos da Igreja. Doutorado em Teologia Bíblica, foi elevado a cardeal em 2019 por Francisco e recebeu o Prémio Pessoa em 2023.
Além dos quatro portugueses, o colégio cardinalício integra outros nove cardeais lusófonos:
Brasil: Jaime Spengler, João Braz de Aviz, Leonardo Steiner, Odilo Scherer, Orani Tempesta, Paulo Cezar Costa e Sérgio da Rocha.
Cabo Verde: Arlindo Gomes Furtado, primeiro cardeal do país.
Timor-Leste: Virgílio do Carmo, também o primeiro cardeal timorense, anfitrião do Papa Francisco em 2024.
A renúncia ou morte de um Papa desencadeia um conclave — uma reunião secreta dos cardeais eleitores com menos de 80 anos — que escolhe, por maioria qualificada, o próximo sucessor de São Pedro. Com o Papa Francisco a preparar o seu legado após mais de uma década de pontificado, o futuro líder da Igreja Católica poderá vir a ser escolhido com uma influência significativa do mundo lusófono.
A diversidade e experiência dos cardeais portugueses e lusófonos poderá revelar-se decisiva na escolha de um Papa que enfrente os desafios contemporâneos da Igreja, como a crise de vocações, os escândalos de abuso, a relação com a ciência e a inclusão social.