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Marco de Canaveses
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"Qualquer pessoa pode fazer o que quer". Diogo Ferraz soma conquistas no basquetebol adaptado

Diogo Silva Ferraz, de 18 anos, natural da freguesia de Bem Viver, no concelho do Marco de Canaveses, é atualmente jogador de basquetebol em cadeira de rodas no clube APD Gaia.

Redação

 Depois de um acidente aos seis anos, que o levou a utilizar cadeira de rodas, Diogo encontrou no desporto adaptado uma forma de recuperar não apenas a mobilidade, mas também a confiança e a autonomia.

“Ao início era uma pessoa mais parada, ficava em casa, não fazia muita coisa, nem desporto”, recorda. Tudo mudou quando, ao assistir a um jogo de futebol do primo, conheceu Cristiano, que o introduziu ao desporto adaptado. “Fui experimentar ténis, mas achei um desporto muito parado. Depois apresentou-me o basquetebol em Paredes e comecei a gostar”.

Basquetebol como paixão e forma de superação

O gosto pela modalidade foi crescendo, mas o início não foi fácil. “No princípio era só treino, nem jogava. Depois comecei a ser convocado para jogos, ficava no banco e só mais recentemente comecei a jogar a titular”, conta. O desenvolvimento na modalidade foi acompanhado por uma maior motivação. “Agora temos um treinador que aposta nos mais jovens. Está no Gaia e chama-se Pedro Bato, é um dos melhores. Tem-me ajudado a concentrar-me nos jogos”.

A dedicação de Diogo não passou despercebida e foi recentemente convocado para um estágio da seleção nacional que se realizará na Turquia. “Sinto orgulho. É mais difícil entrar nesses estágios, mas é um reconhecimento importante”, afirma, acrescentando que já teve a oportunidade de participar num torneio em Barcelona no ano anterior.

Apesar da paixão pela modalidade, a conciliação com os estudos nem sempre é simples. “Neste momento tenho o horário da escola mais preenchido, não consigo dedicar-me tanto. Mas quando acabar, quero dedicar-me mais ao basquetebol e ao ginásio”, explica. A falta de apoios financeiros é um dos maiores obstáculos: “Comprei uma cadeira de rodas de 6.500 euros. Faço treinos a 100 km de casa às segundas, quintas e fins de semana. É tudo à minha custa”.

Mais acessibilidade e oportunidades para todos

A realidade financeira do desporto adaptado ainda é um desafio. “É fácil encaixar no desporto, mas não é acessível. Os clubes não têm ajudas suficientes. Pagam as viagens para jogos, mas os treinos e equipamentos são pagos por nós”, lamenta.

Apesar disso, Diogo acredita que todas as pessoas com mobilidade reduzida deviam ter acesso a estas oportunidades. “Acho que o desporto adaptado devia estar mais presente nas escolas. Lá não jogam só pessoas com deficiência grave, há quem tenha apenas uma limitação e também participa”, sublinha. Acrescenta ainda que existe uma nova regra que permite a inclusão de até dois jogadores sem deficiência por equipa: “Agora até há jogadores sem qualquer deficiência no campeonato”.

Por fim, Diogo deixa uma mensagem de inspiração: “Mesmo com uma deficiência, devemos tentar. Quando tive o acidente pensei que ia ficar incapacitado. Gostava muito de futebol e andar de bicicleta. Hoje sei que existem muitas modalidades adaptadas. Qualquer pessoa pode fazer o que quiser”.