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Portugal
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Salário mínimo sobe 50 euros em 2026 e beneficia de isenção total de IRS

O Governo confirmou que o salário mínimo nacional vai subir dos atuais 870 euros para 920 euros mensais em 2026, um aumento de 50 euros, conforme previsto no acordo de concertação social assinado em outubro do ano passado entre o Executivo, as quatro confederações empresariais e a União Geral de Trabalhadores (UGT).

Redação

A medida consta do relatório que acompanha a proposta do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), entregue esta quinta-feira na Assembleia da República, e integra-se na meta do XXV Governo de continuar a valorização salarial e o crescimento do rendimento dos trabalhadores portugueses.

“O Governo impulsionará o crescimento dos salários, seguindo a trajetória iniciada pelo anterior, de aumento do salário mínimo até aos 1.100 euros no final da legislatura — este ano (2026), com um aumento de 50 euros mensais, para os 920 euros — e de valorização de carreiras da Administração Pública”, refere o documento.

O salário mínimo nacional é definido por portaria do Governo, após auscultação dos parceiros sociais. Na última reunião de concertação social, em 23 de setembro, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social recordou que o Executivo “não abre nem fecha a porta” a eventuais revisões da trajetória acordada para o período 2025–2028, mas reafirmou o compromisso de assegurar previsibilidade e estabilidade às empresas e aos trabalhadores.

O acordo plurianual de valorização salarial prevê aumentos anuais de 50 euros, com o objetivo de que o salário mínimo atinja 1.020 euros em 2028. Após as eleições legislativas de maio deste ano, o Governo definiu no seu programa uma meta ainda mais ambiciosa: alcançar os 1.100 euros mensais até 2029.

Isenção de IRS para quem ganha o salário mínimo

A proposta de Orçamento do Estado garante que, em 2026, quem aufira o salário mínimo não pagará IRS, através da atualização do chamado “mínimo de existência”, mecanismo que protege os rendimentos mais baixos.

De acordo com o OE2026, o referencial de isenção passará a corresponder “ao maior valor entre 12.880 euros anuais e 1,5 × 14 × IAS (Indexante dos Apoios Sociais)”. Este valor anual de 12.880 euros equivale precisamente a 14 meses de salário mínimo de 920 euros (incluindo subsídios de férias e de Natal), assegurando que todos os trabalhadores com este rendimento ficam fora da tributação.

Em 2025, o limite de isenção estava fixado nos 12.180 euros anuais, o que significa um aumento de 700 euros no limiar do mínimo de existência.

Atualmente, a fórmula baseada no IAS já produz um valor superior a 920 euros — cerca de 972,5 euros mensais —, o que significa que o limite real de isenção em 2026 será provavelmente superior, uma vez que o IAS será atualizado em função do PIB e da inflação.

Esta atualização do mínimo de existência representa um impacto orçamental estimado em 85 milhões de euros, segundo o relatório do OE2026.

O mecanismo não só garante isenção total de IRS para quem ganha até ao novo salário mínimo, como reduz a taxa de imposto para quem aufira rendimentos ligeiramente superiores, aplicando uma dedução parcial prevista no Código do IRS.

Contexto e objetivos do Governo

Com esta medida, o Executivo pretende reforçar o poder de compra das famílias com rendimentos mais baixos e combater a desigualdade salarial, ao mesmo tempo que cumpre o compromisso assumido com os parceiros sociais no sentido de valorizar o trabalho e as carreiras.

O Governo sublinha que o aumento do salário mínimo e a atualização do mínimo de existência fazem parte de uma estratégia de convergência de rendimentos e de reforço da classe média, que inclui também a valorização das carreiras da Administração Pública e o estímulo à negociação coletiva no setor privado.

Assim, em 2026, a Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG) será de 920 euros brutos, e todos os trabalhadores com esse rendimento ficarão isentos de IRS, num contexto de reforço da política de rendimentos e de estímulo à economia.