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Sociedade
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‘Burnout’ e problemas de saúde mental afetam portugueses, mas apenas 3% recorrem a terapia

Mais de metade dos portugueses (61%) sentem-se esgotados ou em risco de ‘burnout’ e mais de um terço (36%) têm problemas de saúde mental, mas apenas 3% fazem terapia, segundo o ‘STADA Health Report 2025’, um inquérito europeu hoje divulgado.

Redação

O estudo, realizado em 22 países, revela que 66% dos europeus já experienciaram esgotamento, sentiram-se à beira dele ou relataram sentimentos associados, um aumento face aos 60% registados em 2024. Os valores mais elevados foram registados na Irlanda (80%) e na Hungria (76%).

A nível europeu, as mulheres (71%) são mais propensas a sentir esgotamento do que os homens (60%), e verifica-se também uma diferença geracional: 75% dos europeus com menos de 34 anos relataram sentimentos de esgotamento, em comparação com 71% dos 35 aos 54 anos e 53% dos com 55 ou mais anos.

Portugal ocupa a 8.ª posição entre os 23 países analisados no que toca ao bem-estar psicológico, com 64% dos inquiridos a classificarem a sua saúde mental como “boa” ou “muito boa”. A Roménia (84%), a Bulgária (80%), a Sérvia e a Suíça (74%) registam os valores mais elevados, enquanto a Hungria apresenta o mais baixo, com apenas 44% dos participantes a avaliarem positivamente a sua saúde mental.

Desde 2022, os portugueses mantêm uma perceção relativamente estável sobre a sua saúde mental, com ligeiras melhorias nos indicadores negativos. A percentagem dos que se consideram com “má saúde mental” desceu de 10% em 2022 para 9% em 2023, 8% em 2024 e 6% em 2025. Já a avaliação “muito boa” subiu de 13% em 2022 para 22% em 2023, embora tenha registado ligeiras descidas nos anos seguintes (20% em 2024 e 19% em 2025).

O inquérito mostra ainda que a perceção de que o estilo de vida e a situação económica influenciam a saúde mental aumenta com a idade: passa de 45% entre os 25 e os 34 anos para 78% nos maiores de 70. No total, 73% dos inquiridos consideram ter um estilo de vida saudável e 55% avaliam positivamente a sua situação financeira.

As principais causas apontadas para os problemas de saúde mental são as preocupações financeiras (32%), o ‘stress’ no trabalho (26%) e a solidão (10%). Esta última é referida sobretudo pelos mais jovens (28% dos 18-24 anos) e pelos mais velhos (39% dos maiores de 70 anos).

Apesar do impacto, apenas 21% procuram ajuda externa para melhorar a saúde mental, enquanto 46% recorrem a estratégias próprias e 31% afirmam não fazer nada. Entre as principais formas de autocuidado estão passar tempo com amigos e familiares (23%) e fazer exercício físico (19%).

Os motivos mais referidos para não procurar apoio são o custo (25%), a perceção de ineficácia (22%), o desgaste emocional (9%), o estigma associado (5%) e a falta de apoio familiar ou de amigos (4%).

O estudo também analisou os efeitos do teletrabalho, concluindo que 71% dos portugueses identificam impactos positivos: 42% destacam um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, 31% sentem-se mais produtivos, 29% referem menos ‘stress’ e 23% indicam melhorias na saúde mental. Por outro lado, há também efeitos negativos: 14% referem dificuldade em desligar-se do trabalho, 13% sentem-se mais isolados e sozinhos, e 11% admitem ser mais difícil manter a motivação e o foco.

A nível europeu, 60% consideram que a saúde mental e física não recebem tratamento igualitário nos sistemas de saúde dos respetivos países. Esta perceção é particularmente elevada em Espanha (78%), Hungria e Bulgária (76% cada) e em Portugal (70%), contrastando com a Suíça (40%) e o Uzbequistão (47%).

O inquérito ‘online’ foi conduzido pela consultora Human8 em fevereiro e março, com amostras de 1.000 a 2.000 inquiridos, entre os 18 e os 99 anos, em cada país.