logo-a-verdade.svg
Paredes
Leitura: 6 min

Tomás Ribeiro vence o Open de Portugal e cumpre “um sonho”- “É a minha maior conquista”

Aos 22 anos, o paredense Tomás Ribeiro, atleta e treinador do Paredes Golfe Clube, conquistou o maior título do Pitch & Putt nacional: o Open de Portugal, disputado no Citygolf. Com uma prestação de excelência ao longo de 54 buracos, terminou 17 pancadas abaixo do par e igualou o recorde do campo (-8) na ronda final.

Redação

A vitória foi selada com dois birdies consecutivos e uma vantagem de quatro pancadas sobre o espanhol José Maria Ortiz. Em entrevista ao nosso jornal, Tomás falou da sua carreira, das origens no desporto, da ambição para o futuro e da motivação em ser, agora, também treinador.

Um percurso de 13 anos de trabalho: “Agora tenho outra maturidade”

Apesar da juventude, Tomás Ribeiro já apresenta um currículo notável. Quando questionado sobre o segredo para tantos pódios em tão pouco tempo, foi direto:

“Já pratico golfe desde os meus 10 anos de idade, portanto há quase 13 anos. Só agora é que estou a começar a ter melhores resultados, mas tem sido um trabalho desenvolvido ao longo dos anos”, afirmou.

Segundo o atleta, a maturidade e a evolução da preparação para as provas foram determinantes para o salto competitivo:

“Agora sinto que já tenho mais maturidade, outra visão do jogo. A minha rotina de treino é diferente, muito mais focada no torneio, muito mais concentrada. Isso dá-me uma pequena vantagem”.

“É um sonho cumprido” – A vitória internacional em solo português

O Open de Portugal foi mais do que um título: foi um objetivo de longa data, ainda por cima, alcançado num cenário especial.

“Era um objetivo pessoal ganhar um torneio internacional, coisa que nunca tinha conseguido. Já fiquei perto várias vezes, mas nunca tinha dado o ponto final. Cumprir este objetivo em casa sabe sempre melhor”, confessou.

O campo também teve um simbolismo acrescido:

“Foi no Citygolf que fui campeão nacional absoluto. Traz-me memórias felizes do passado e ajuda-me a construir ainda melhores”.

Ambição sem travões: “Quero ganhar os dois majors que me faltam”

Depois do título, o foco vira-se para o que falta conquistar:

“Gostava de ganhar a Taça da Federação Portuguesa de Golfe de Pitch & Putt e o Campeonato Nacional de Matchplay, que nunca consegui. Assim completava os quatro majors do Pitch and Putt em Portugal.”

No horizonte próximo está também um desafio internacional:

“Este ano gostava muito de ser campeão do mundo de pares de Pitch and Putt. Em princípio, irei jogar em Milão em outubro com o Espírito Santo. Estamos a treinar com o objetivo de vencer. Acho que temos grandes chances”.

Do desporto escolar ao topo: “Ganhei logo o bichinho”

A entrada no mundo do golfe não foi por tradição familiar, mas por influência escolar:

“Foi através da escola. O meu professor de Educação Física, António Manuel Bessa, era o presidente do Paredes Golfe Clube. Tivemos desporto escolar e vim experimentar. Não tenho nenhum familiar ou amigo que jogasse. Apenas vim porque o professor insistiu muito e ganhei logo o bichinho.”

Apesar de já ter tentado envolver amigos e familiares, admite:

“Ninguém tem o mesmo interesse que eu. Eu sou mesmo muito focado nisto”.

O estigma do elitismo: “Ainda é um bocadinho para quem tem algum dinheirinho”

Questionado sobre o estigma do golfe como desporto elitista, Tomás foi claro:

“A Federação Portuguesa de Golfe tem feito programas de iniciação, com preços mais acessíveis, mas a realidade é que muitos campos continuam caros. Só para uma hora de treino, uma pessoa tem de pagar uns 15, 20 euros. Isso é absurdo”.

Contudo, vê melhorias no horizonte:

“Felizmente há cada vez mais campos municipais. A Federação diz que vai apostar nisso. O nosso campo de Paredes é uma exceção positiva. Está a ser trabalhado para um bom futuro”.

Treinador em tempo inteiro desde julho: “Quero motivar mais jovens”

Desde o dia 1 de julho, Tomás é treinador a tempo inteiro no PGC:

“É algo muito recente, mas tenho a expetativa de captar mais atletas. Não só porque o meu trabalho depende disso, mas porque sei o quão boa é a influência do golfe na vida.”

Destaca o valor educativo da modalidade:

“O jogo retrata a nossa vida: feita de altos e baixos. Temos de seguir em frente, pensar na próxima jogada e não ficar presos ao passado.”

Além da vertente competitiva, assume a motivação de formar novos talentos:

“Estou bastante inspirado para trabalhar no golfe, continuar como atleta e também construir uma boa carreira como treinador.”

Mensagem final: “Nem as vitórias à cabeça, nem as derrotas ao coração”

Já com experiência acumulada, Tomás deixou um conselho aos jovens atletas:

“Há uma frase que um treinador meu me disse, o Nelson Ribeiro de Miramar, que ficou para sempre comigo: ‘Não deixes que as vitórias te subam à cabeça nem que as derrotas te desçam ao coração.’

“É o melhor conselho que posso dar a qualquer jogador de golfe – e talvez a qualquer atleta”, concluiu.