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Penafiel
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Endoenças voltaram a unir Marco de Canaveses e Penafiel em manifestação de fé

Tradição secular regressou a Entre-os-Rios na nesta quinta-feira Santa, 17 de abril, unindo os concelhos de Penafiel e Marco de Canaveses em dois dias de fé e simbolismo à beira-rio.

Redação

As margens dos rios Tâmega e Douro voltaram a iluminar-se com 25 mil tigelinhas, com o regresso das Endoenças, uma tradição com mais de 300 anos que une os concelhos de Penafiel e Marco de Canaveses numa expressão ímpar de fé, identidade cultural e património imaterial.

A celebração teve início na Igreja Paroquial de Santa Clara do Torrão, no Marco de Canaveses, às 20h00, com a Missa da Ceia do Senhor. Às 21h00, saiu a Procissão do Senhor dos Passos, acompanhada pelos simbólicos “Barcos de Fogo”, que cruzaram o rio rumo à Capela de São Sebastião, em Entre-os-Rios, no concelho de Penafiel, onde decorreu o Sermão do Encontro.

Autarcas do Marco de Canaveses destacam uma manifestação religiosa e sociocultural

As tigelinhas, que iluminaram as margens, foram financiadas, em parte pelas autarquias, que apoiam uma manifestação religiosa "considerada património material e imaterial e se torna muito importante na união da comunidade. É, também, uma manifestação sociocultural. Marco de Canaveses acaba por ser projetado na região e no país, porque esta é, de facto, a celebração religiosa com maior impacto", sublinhou Cristina Vieira, presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses.

A satisfação foi partilhadas pelo presidente da Junta de Freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão, que vê as Endoenças como um momneto "muito importante para a comunidade, para a região, para o concelho e para o país, porque talvez seja das maiores que se faz no Norte. Para os locais desta terra, tem um símbolo especial, porque é um sinal de união das pessoas. Eu fico lisonjeado com este presépio natural e fico, acima de tudo, satisfeito porque há pessoas que nos visitam", afirmou Domingo Neves.

Penafiel destaca apoio da comunidade

Com mais de 300 anos de tradição, as Endoenças unem "a fé com o património, com a herança cultural nas belas margens do rio Tâmega e do rio Sousa. Para o Município Penafiel é uma iniciativa muito importante e que só é possível graças a um grande número de voluntários da comunidade local que se predispõem a colaborar com a Junta de Freguesia, colocando todas estas tigelinhas e são eles que preservam esta herança cultural", destacou Pedro Cepeda, vice-presidente da Câmara Municipal de Penafiel.

A participação da comunidade foi, também, enaltecida por Isabel Guedes, presidente da Junta de Freguesia de Eja. "Temos um elevado número de pessoas que colocam as tijelinhas e ainda fazem o trabalho de recolha no dia seguinte. É certo que contamos com a colaboração da Câmara Municipal no fornecimento das cerca de 25 mil tigelinhas. No final da noite é com muito orgulho que vemos o trabalho concretizado e, acima de tudo, todas estas pessoas que vêm à nossa freguesia, não só pela fé, mas também para apreciarem a beleza destas margens".

Esta sexta-feira Santa, 18 de abril, cumpre-se o percurso inverso com a Procissão do Enterro do Senhor, regressando ao ponto de partida na Igreja de Santa Clara do Torrão, completando assim o ciclo litúrgico desta manifestação religiosa, que representa um dos momentos mais emblemáticos da Semana Santa na região do Tâmega e Sousa.

A cerimónia é classificada desde 2015 e encontra-se inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, envolvendo várias localidades que compunham o antigo Couto de Entre-os-RiosAlpendorada, Várzea e Torrão (Marco de Canaveses), Entre-os-Rios (Penafiel) e Boure (Castelo de Paiva). É este contexto territorial e histórico que torna as Endoenças tão singulares — uma tradição que não pertence a um só município, mas sim a uma identidade ribeirinha partilhada.