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Porto
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Porto quer estudo sobre travessia fluvial do Douro entre Gaia e Gondomar

Câmara do Porto vai solicitar estudo de procura para retomar e alargar travessia fluvial entre Porto, Vila Nova de Gaia e Gondomar, revelou Rui Moreira.

Redação

Porto avança com estudo para avaliar transporte fluvial entre três margens do Douro

A Câmara Municipal do Porto vai pedir à STCP Serviços a realização de um estudo de procura sobre a viabilidade da travessia fluvial do rio Douro, com ligação entre o Porto, Vila Nova de Gaia e Gondomar. O anúncio foi feito esta terça-feira, 20 de maio, pelo presidente Rui Moreira, durante a reunião do executivo municipal, na sequência de uma recomendação apresentada pela vereadora da CDU, Joana Rodrigues.

A proposta da CDU defende a “rápida reposição da travessia fluvial entre o Cais do Ouro, no Porto, e a Afurada, em Vila Nova de Gaia”, sublinhando que esta ligação fluvial “está interrompida há mais de quatro anos” e que, apesar das conversações existentes, “ainda não se concretizou nenhuma solução”.

Rui Moreira mostrou-se favorável à recomendação e anunciou a intenção de avançar com um estudo que fundamente o pedido junto da Área Metropolitana do Porto (AMP) e dos municípios envolvidos. “Se estiverem de acordo, aproveitando a recomendação da CDU, que irei votar favoravelmente, pediríamos à STCP Serviços para encomendar um estudo de procura”, declarou o autarca, eleito pelo movimento independente “Rui Moreira - Aqui Há Porto!”.

O presidente da Câmara do Porto defendeu, no entanto, que limitar a travessia apenas a Gaia e Porto seria “demasiadamente redutor”, considerando essencial alargar a ligação às populações ribeirinhas de Gondomar, que atualmente não dispõem de “transporte público adequado e rápido” para chegar ao centro do Porto.

Debate sobre modelo e viabilidade do transporte fluvial

Durante o debate, o vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo, clarificou que a decisão sobre a natureza do serviço cabe à AMP, sendo necessário definir se se trata de um “serviço público regular de transporte fluvial”, com exigências legais e custos associados, ou de “serviços fluviais de natureza turística”.

Já a vereadora do PSD, Mariana Ferreira Macedo, destacou que “o Porto e a Área Metropolitana têm de dar um passo em frente relativamente à mobilidade sustentável” e criticou a subutilização do rio Douro enquanto infraestrutura de mobilidade. “O Douro não é apenas um bonito postal turístico”, reforçou.

A recomendação da CDU foi aprovada por maioria, com votos favoráveis de todos os vereadores, exceto os do PSD, que optaram pela abstenção.

Um projeto com vários avanços e recuos

A discussão sobre o aproveitamento do rio Douro como via de transporte público não é nova. No passado dia 5 de maio, Rui Moreira já tinha considerado, em Assembleia Municipal, que era “um desperdício” não aproveitar o potencial do Douro para transporte fluvial regular.

Em julho de 2022, a AMP delegou competências aos municípios do Porto e Gaia sobre o transporte fluvial, permitindo à STCP Serviços avançar com um concurso para reativar a travessia Afurada–Ouro. Durante o verão desse ano, o serviço foi retomado temporariamente durante as festas de São Pedro e o Festival Marés Vivas.

Contudo, em junho de 2023, o presidente da AMP e da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, manifestou reservas quanto à viabilidade financeira do projeto. “O nível de exigência legal para uma embarcação iniciar uma operação é de tal ordem que eu não consigo antever, no estudo económico-financeiro, nenhuma viabilidade para a travessia”, afirmou, apontando um investimento inicial de cerca de 1,2 milhões de euros.