Entre as principais alterações encontram-se a perda da gordura plantar, aumento da rigidez articular, diminuição da força muscular e a fragilidade dos ligamentos. Estes fatores alteram a forma como caminhamos, comprometendo outras articulações do corpo.
A pele dos pés torna-se mais fina, seca, menos elástica e com menor capacidade de regeneração, favorecendo o aparecimento de calosidades, fissuras, infeções e outras lesões. Esta situação agrava-se significativamente em casos de neuropatia diabética. As unhas crescem mais lentamente, podendo tornar-se espessas e curvas, dificultando a sua higiene e aumentando o risco de encravar.
Para além dos cuidados básicos já abordados noutros artigos, existem aspetos igualmente importantes, embora menos frequentemente abordados, que devem ser considerados na prevençãode lesões:
A avaliação biomecânica regular, incluindo a análise da marcha e da distribuição da pressão plantar - é essencial para identificar precocemente zonas de sobrecarga. Esta informação permitirá a avaliação da necessidade de uso de palmilhas personalizadas e direciona para a escolha do calçado mais ajustado, contribuindo para o conforto, a estabilidade e a correção postural;
Identificação de exercícios específicos para os pés, como a mobilização dos dedos, o fortalecimento da musculatura intrínseca e o treino do equilíbrio - estes ajudam a manter a funcionalidade e a prevenir quedas, estimulando ao mesmo tempo a circulação;
Promover a educação para o autocuidado é outro pilar fundamental: capacitar o utente e eventualmente os seus cuidadores para reconhecerem sinais de alerta e procurarem ajuda especializada permitirá prevenir complicações e garantir a resposta atempada. Assim, o cuidado com os pés ao longo do ciclo de vida, vai muito além dos cuidados básicos, requer uma abordagem multidisciplinar, preventiva e personalizada, que tenha em conta as alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento e o impacto funcional no quotidiano.
A atenção especializada, aliada à capacitação do utente para o autocuidado, é essencial para preservar a mobilidade, a independência e o bem-estar.
Manter os pés saudáveis é, afinal, caminhar com qualidade ao longo da vida.