A celebração prolongou-se por 2 dias e envolveu ainda a utilização de uma coluna de som no pátio, contrariando as regras internas da prisão.
De acordo com o Jornal de Notícias, que cita o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), Frederico Morais, a festa começou na segunda-feira, com os presos a levarem uma coluna de som para o pátio e a consumirem “xixa” — nome dado à bebida alcoólica caseira. No dia seguinte, reclusos da Ala A voltaram a beber a substância ainda nas celas e apresentavam-se já alcoolizados ao chegarem ao pátio.
A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) confirmou, em declarações ao JN, que “logo pela manhã” foram detetados, através do sistema de videovigilância (CCTV), “comportamentos suspeitos” por parte de alguns reclusos. Perante essa situação, os guardas prisionais realizaram uma busca imediata, da qual resultou a apreensão de três telemóveis, um objeto cortante de fabrico artesanal e três garrafas de plástico com “xixa”.
Durante a revista, dois dos reclusos apresentaram comportamentos desadequados e recusaram-se a cumprir as ordens dadas, motivo pelo qual foram colocados sob medida cautelar de confinamento, estando agora sujeitos a processo disciplinar.
Segundo o SNCGP, a revista realizada no pátio “deixou os presos agitados e colocou os guardas em perigo”, uma vez que havia um número elevado de reclusos no local. Frederico Morais relembrou ainda que, há cerca de um mês, ocorreram dois esfaqueamentos entre presos nesse mesmo espaço, na sequência de episódios de extorsão.
A DGRSP rejeita a existência de tentativas de homicídio, mas admite que se registaram “duas situações de agressão física mais violenta entre reclusos”, que originaram processos disciplinares e comunicação dos factos ao Ministério Público.
O presidente do SNCGP considera que a cadeia de Paços de Ferreira “está sem controlo”, apontando como exemplo a operação “Entre-Grades”, que levou à condenação de guardas por tráfico de droga no interior da prisão, bem como buscas recentes realizadas pela Polícia Judiciária.
A produção clandestina de álcool em contexto prisional não é nova. Tal como recorda o JN, em dezembro de 2023 foi divulgado um vídeo no Instagram que mostrava reclusos a produzirem bagaço dentro de uma cela.