Frequentava o curso de Ciências e Tecnologias, na Escola Secundária de Sobreira, e foi o aluno com a melhor média da instituição.
Aos 18 anos, Tomás Gonçalves Sousa tem já um percurso académico que se destaca. Natural de Recarei, Paredes, e agora caloiro de Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o jovem terminou o ensino secundário com a impressionante média de 19,8 valores.
Frequentava o curso de Ciências e Tecnologias, na Escola Secundária de Sobreira, e foi o aluno com a melhor média da instituição.
Na entrevista que nos concedeu, Tomás fala com a serenidade de quem sabe o que quer e com a humildade de quem não se deixa cegar pelo sucesso.
“Desde sempre tive uma grande aptidão para a matemática, sempre gostei muito de ciências e achei que o curso de Ciências e Tecnologias me podia desafiar nessas duas áreas. Então, decidi optar por isso mesmo,” conta.
Mas, o percurso de excelência não começou logo no primeiro dia.
“No início, não era tão consistente nos meus estudos, mas fui melhorando ao longo dos anos. No secundário, a minha disciplina teve de ser maior para conseguir atingir os meus objetivos,” admite.
E que objetivos. Com um percurso exemplar, Tomás conquistou o lugar que ambicionava desde cedo: Engenharia Mecânica na FEUP. Foi a sua primeira opção.
“Entrei na FEUP, na Faculdade de Engenharia do Porto, e foi a minha primeira opção,” confirma com satisfação.
A escolha, porém, não foi feita de forma impulsiva. “Tive a influência de um tio meu, com quem partilhei muitas brincadeiras desde pequeno. Ele também tirou este curso, aconselhou-me e, quando fui ver as disciplinas que estavam envolvidas, descobri também alguma paixão por aquilo que lá se estuda,” revela.
Houve, então, paixão, influência familiar, mas, sobretudo, uma certeza sólida: “Não tive qualquer dúvida, era mesmo o que eu queria.”
Além da Engenharia Mecânica, outras engenharias da FEUP estavam nas suas opções. Curiosamente, incluiu também Medicina. “Coloquei também medicina para ver quanto é que dava a média, mas tinha a certeza que queria era mesmo Engenharia Mecânica em primeiro plano.”
Apesar da exigência dos estudos, Tomás nunca deixou de lado uma das suas grandes paixões: o futebol.
“Jogo no Sport Clube Nun’ Álvares, em Recarei,” diz com naturalidade.
A conciliação entre a escola e o desporto foi, aliás, parte do seu segredo para o sucesso.
“Acho que foi, sobretudo, uma boa gestão do meu tempo. Consegui arranjar momentos para estudar, dedicar-me às disciplinas, mas também para jogar futebol e aliviar o stress”, elenca.
Questionado sobre o seu método de estudo, Tomás assume uma postura equilibrada. “Considero que tenho um bocadinho dos dois mundos. Às vezes, estou mais desatento nas aulas e depois obriga-me a ser mais esforçado em casa. Mas, no geral, sou sobretudo um aluno que está atento”, considera.
A notícia de ser o melhor aluno da escola não foi uma surpresa para quem o acompanha de perto, mas teve um significado especial.
“A minha família sempre me apoiou muito, sempre interessada em saber se havia algum problema na escola, se poderiam ajudar. Os meus amigos também sempre me apoiaram e às vezes até me perguntavam como é que eu conseguia estas notas. Sempre os ajudei também, e fui criando bons laços ao longo da minha jornada”, partilha.
Mas esse reconhecimento também trouxe alguma pressão.
“Conforme os elogios que me iam dizendo, eu criava também uma expetativa em cima de mim mesmo, e isso criava alguma pressão durante os testes. Mas, consegui sempre estudar, superar esses receios e, com isso, fui ganhando confiança.”
O momento em que soube que era o melhor aluno da escola ficou marcado por um sentimento de orgulho. “Senti-me representado pelo trabalho que fui empenhando em casa e que às vezes não está logo à vista. Ali, senti que foi reconhecido o meu esforço”, sustenta.
Com a entrada no ensino superior, Tomás sabe que os desafios vão mudar.
“Sei que vou ter de estudar muito mais por mim, autonomamente. Estou pronto para, se às vezes tiver algumas escorregadelas, rever a forma como me preparo para as avaliações, mas sem me culpabilizar, porque já cheguei até aqui e não devo duvidar de mim”, garante.
Quando lhe pedimos um conselho para quem está a entrar agora no secundário, não hesita: “Começar com leves momentos de estudo, sem procurar logo atingir o topo. Pouco a pouco vai-se ganhando gosto pelas boas notas, por ver o esforço reconhecido nas pautas. E com o hábito, só há a ganhar.”
Está entusiasmado com o mundo académico, mas consciente de que será exigente. “Estou sobretudo entusiasmado por saber que cheguei onde cheguei com o meu esforço”, assume.
Sobre a praxe e o ambiente social universitário, diz que é reservado, mas que pretende participar. “Sou um bocadinho reservado, mas vou esforçar-me para participar nesses momentos, aliviar o stress e conhecer amigos que partilhem das mesmas dificuldades.”
Quanto ao futuro, o plano ainda está em aberto, mas há uma vontade clara de continuar a aprender. “Quero terminar a licenciatura aqui na faculdade. Depois, talvez experimentar o mestrado, aprofundar mais o ramo da mecânica e procurar trabalho cá ou, se necessário, no estrangeiro”, explica.
A hipótese de emigrar está em cima da mesa. “Se necessário for, para procurar mais oportunidades de trabalho, sim”, responde.
Questionado sobre se sente que a engenharia mecânica é valorizada em Portugal, responde com ponderação: “Pelo que ouvi dizer, há países neste momento que estão melhores.”
E se o futuro passasse pelo ensino, seguindo, por exemplo, as pegadas da mãe? “Certamente. Diria mais que seguiria as pegadas do meu tio, mas claro, a minha mãe também sempre foi uma grande inspiração, sobretudo na matemática. Sempre me despertou esse gosto”, afirma.
As letras e línguas, confessa, não são o seu ponto forte.
“Sempre foram o meu ponto fraco, principalmente a literatura, mas com esforço e disciplina, consegui compreender o mínimo para atingir os meus objetivos”, congratula-se.
Como jogador de futebol que é, fizemos-lhe a ficha técnica:
Nome: Tomás Gonçalves Sousa
Idade: 18 anos
Residência: Recarei, Paredes
Escola Secundária: Escola Secundária de Sobreira
Curso Secundário: Ciências e Tecnologias
Média Final: 19,8 valores
Faculdade: Engenharia Mecânica, FEUP
Clube Desportivo: SC Nun’ Álvares