Ou seja, a partir deste dia, passa-se a viver em défice ecológico, consumindo-se 1,8 vezes mais do que os ecossistemas conseguem repor.
O planeta atinge esta quinta-feira, 24 de julho, o Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day), a data em que a humanidade esgota os recursos naturais que a Terra consegue regenerar num ano.
Ou seja, a partir deste dia, passa-se a viver em défice ecológico, consumindo-se 1,8 vezes mais do que os ecossistemas conseguem repor.
A marca é assinalada anualmente pela organização internacional de sustentabilidade Global Footprint Network, responsável pelos cálculos da “Pegada Ecológica”. A associação alerta que o ser humano continua a emitir mais dióxido de carbono do que a biosfera pode absorver, a gastar mais água do que a que é reposta, a cortar mais árvores do que as que podem crescer, e a pescar acima da capacidade de regeneração dos oceanos.
“Esta utilização excessiva esgota inevitavelmente o capital natural da Terra e compromete a segurança dos recursos a longo prazo, especialmente para quem já enfrenta dificuldades no acesso aos recursos necessários para viver”, alerta a organização num comunicado.
Apesar de a data da sobrecarga global se manter com relativa estabilidade nos últimos 15 anos, ocorrendo por volta dos sete primeiros meses do ano, a associação ambientalista portuguesa Zero sublinha que a pressão sobre o planeta está a agravar-se devido à acumulação dos danos ecológicos.
A Zero aponta que seria possível adiar o Dia da Sobrecarga se fossem implementadas medidas concretas. Metade do mundo a adotar um plano semelhante ao “Green New Deal” europeu poderia adiar o dia em 42 dias ao longo da próxima década. Uma taxa de 100 dólares por tonelada de carbono permitiria um adiamento de 63 dias. Já a redução para metade no consumo global de carne adiaria o défice ecológico em 17 dias.
Segundo a Global Footprint Network, as consequências da sobrecarga incluem perda de biodiversidade, crises alimentares e energéticas, aumento da inflação, estagnação económica e maior risco de conflitos e crises sanitárias. A organização alerta que cidades e países que não se prepararem estarão mais vulneráveis.
A Zero defende uma reorientação dos sistemas de produção e consumo, promovendo uma economia do bem-estar baseada na saúde ecológica, equidade social e qualidade de vida, em vez do simples crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Nesse sentido, a associação, juntamente com a Oikos e o movimento Último Recurso, está a preparar uma proposta de lei para garantir os direitos das gerações futuras e integrar a justiça intergeracional nas decisões políticas.
Segundo os cálculos específicos por país, Portugal esgotou os seus recursos disponíveis a 5 de maio deste ano. Se toda a humanidade consumisse como os portugueses, seriam necessários quase três planetas Terra.
A data do Earth Overshoot Day é revelada todos os anos no Dia Mundial do Ambiente, a 5 de junho.