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Marco de Canaveses
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Lúcia Pereira: peregrina pela fé e amor ao próximo

Lúcia Pereira, de 47 anos de idade, e o marido, Carlos Couto, fizeram parte de um grupo de nove pessoas que, no dia 9 de maio, arrancou rumo à Cova da Iria e ao Santuário de Fátima, unidos pela fé e espírito de união.

Redação

“Fomos um grupo pequeno, sendo praticamente tudo família e amigos”, começou por contar a marcoense, que é extremamente devota. “Éramos 9 peregrinos, cada um com a sua história e com os corações unidos caminhando rumo a Fátima”, disse ainda, destacando que “chegar ao coração de Maria é chegar a muito mais que um lugar”.

Esta foi a quarta vez que se desafiou a fazer o caminho da fé e pela fé. Até ao momento, apenas uma das vezes foi devido a uma promessa. Já as restantes foram para agradecer o que a vida lhe tem dado, apesar dos bons e dos maus momentos. 

Apesar das dificuldades físicas, destacou a força coletiva e espiritual que os levou até ao destino. “Houve pessoas que fizeram com sacrifício porque os pés começaram a ficar com bolhas, muito doridos por baixo, mas com a fé a gente chegou”, relatou Lúcia, sublinhando o esforço que marcou esta caminhada.

A peregrinação ficou marcada por um momento difícil para a irmã de Lúcia, que não conseguiu completar o trajeto final: “A minha irmã, por acaso, não conseguiu fazer a última caminhada, porque, no dia anterior, os últimos dois quilómetros foram muito difíceis para ela. Ficou com os pés inchados e não os conseguiu colocar no chão. Por isso não conseguiu fazer a última etapa dos 22 kms”.

Ainda assim, a peregrina evidenciou o espírito de união do grupo: “De resto, os outros, com muita fé, lá fomos. Todos juntos, nós chegámos lá”.

Ao longo do percurso, “o cansaço e as lágrimas às vezes tomam conta de nós, mas a partilha de sorrisos, de orações e a força invisível faz com que o mau seja esquecido, para chegarmos a Fátima”, partilhou, sempre com uma crença imensa evidenciada em cada palavra proferida. 

“Não tenho palavras para descrever este percurso. É um misto de emoções, algo mesmo muito forte, que chega mesmo ao coração”, descreveu, dizendo que ao longo dos quilómetros há momentos para tudo, “para pensar, para rezar, para fazer a partilha com os colegas, conhecer pessoas novas, tudo, para tudo", elencou.

Quanto aos motivos que a levam a ser peregrina, justificou: “Caminho porque acredito e porque sou grata”. “Caminho por quem precisa de acreditar que o impossível só é impossível até acontecer”, defendeu.

Lúcia Pereira, que em todas as peregrinações faz questão de não deixar ninguém desistir durante o caminho (dando-lhe apoio e uma palavra de conforto), enfrentou um problema oncológico, uma batalha que enfrentou com muita fé, coragem e, acima de tudo, com muita entrega. “Hoje aqui estou eu, cheia de vida, a fazer estas peregrinações como uma forma de agradecimento”, justificou, destacando os momentos de partilha entre o grupo e com quem se cruzou pelo caminho. 

Além disso, frisou, “quer cuidar dos outros com amor, carinho e entrega, porque a vida me ensinou o valor da esperança, e de certa forma quero ser esperança para quem caminha com fé”. “O caminho é duro mas acreditem que o propósito e o sentimento de quando se chega vale todo o esforço e faz-nos crescer interiormente”, afirmou. 

Para os que se propõem a fazer a viagem, algo que recomenda, apesar de ser árdua em vários aspetos, Lúcia Pereira deixou a seguinte mensagem: “A quem se desloca ao coração da Nossa Senhora, quero dizer que não vão sós, estamos todos a caminhar lado a lado e a alma cresce passo a passo”

Durante a peregrinação a pé até Fátima, o papel de apoio físico revelou-se essencial para muitos dos caminheiros, especialmente graças ao contributo das fisioterapeutas Cátia Moreira e Melanie Caetano, cuja presença foi destacada como determinante.

“Um agradecimento especial às fisioterapeutas Cátia Moreira e Melanie Caetano, pelo apoio incansável e dedicação à profissão. O vosso cuidado, profissionalismo e entrega fazem toda a diferença no caminho de cada um. Obrigada por caminharem connosco, com o coração e com as mãos que tanto nos aliviam para conseguirmos continuar”, referiu.

As fisioterapeutas não pouparam esforços para estar presentes, mesmo depois das suas obrigações profissionais: “Elas disponibilizaram-se a ir ter connosco, foram incansáveis, e não é fácil depois de um dia de trabalho irem ter connosco”, explicou, sublinhando a importância do gesto e a ajuda concreta que prestaram durante o percurso, permitindo que muitos conseguissem aliviar as dores e continuar o trajeto.