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Marco de Canaveses
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Ana Moreira tomou conta da afilhada até aos nove anos: "É uma responsabilidade muito grande"

Até aos nove anos de idade, Sandra Ribeiro, esteve ao encargo da madrinha, Ana Moreira, que tomou conta da afilhada como se fosse uma filha. 

Redação

A primeira afilhada de Ana Moreira, a madrinha ainda se lembra “do gosto dela por mim em pequena. Andava sempre agarrada a mim, dormia comigo e tudo”. Nas recordações da mulher natural de Vila Boa do Bispo, cuidar da pequena afilhada “foi maravilhoso, uma experiência mesmo muito boa”, que criou uma ligação que dura até aos dias de hoje.

Na altura padeira de profissão, Ana Moreira ainda se lembra bem de ir trabalhar “e levar a Sandra comigo porque ela andava sempre atrás de mim. Depois queria-me comer o pão da canastra, são memórias muito boas”, conta. 

No entanto, apesar de guardar inúmeras boas memórias de cuidar da afilhada, a madrinha sente até hoje o peso “da enorme responsabilidade de cuidar de uma criança”. Encarando com seriedade e sentido de dever este encargo, Ana Moreira diz: “Ser madrinha é mais do que ter só a fama de o ser. É uma responsabilidade muito grande". 

Na visão desta madrinha “tudo na vida tem um custo,  para termos coisas boas também temos de sentir um bocadinho amargo”. Cuidar da afilhada foi mesmo isso, aceitar a responsabilidade de cuidar de uma criança, e em troca receber o carinho e amor de viver em família. Ana Moreira  admite ter sentido o fardo deste encargo, mas diz ter tido sempre “consciência daquilo que ia assumir e até hoje não me arrependo de nada”.

Sandra Ribeiro, viveu até aos nove anos de idade com a madrinha, até que um dia voltou a viver com a mãe, regressando depois nove anos mais tarde, aos 18, para “o ninho” junto da madrinha. 

Estar longe da afilhada “para mim não foi nada, até foi bom”, brinca Ana Moreira. Na verdade, a deslocação da menina causou tanta saudades que levou a madrinha a tirar a carta de condução. Assim, mal Sandra Ribeiro partiu para longe “tratei logo de tirar a carta de carro para poder ir ter com ela”, revela a madrinha. As saudades eram tantas “que sempre que podia visitá-la, digo mesmo que só tirei a carta para conseguir ver a minha afilhada”, realça.

Sandra Ribeiro, agora aos 40 anos, já não se consegue lembrar de todos os anos que passou junto da madrinha, mas o sentimento de pertença, aceitação e carinho não desapareceram com o passar dos anos. “Correu tudo bem e continua a ser assim”, diz a afilhada.

Descrevendo a madrinha “como uma boa pessoa que sempre me deu amor e carinho”, a afilhada acredita que Ana Moreira fez mesmo “um papel de mãe” ao longo da sua vida.

Nos dias de hoje, os papéis revertem um bocadinho e a afilhada ajuda agora a madrinha que cuidou dela durante tantos anos. “A ligação forte” entre as duas continua e agora na Páscoa, uma altura especial para as madrinhas, Ana Moreira é convidada de Sandra Ribeiro “para um almoço especial”.

A família “é muito importante e criar uma afilhada não é só fama, temos de chamá-los para o bom caminho e dar-lhes bons exemplos, embora eles nem sempre nos ouçam”, reflete a madrinha.

Por fim, o dever mais importante dos padrinhos passar por: “Chamar a atenção dos afilhados para eles não ligarem só ao natural e ao humano, mas também à fé, cabe-nos a nós, aos padrinhos protegê-los e chamá-los para a vida espiritual”, termina Ana Moreira.