logo-a-verdade.svg
Porto
Leitura: 3 min

Doutoranda da U.Porto recebe bolsa norueguesa para estudar efeitos do aquecimento global no Ártico

Eva Lopes, estudante do Doutoramento em Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e investigadora no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, foi selecionada para receber a Arctic Field Grant, uma bolsa destinada a apoiar cientistas em início de carreira.

Redação

A jovem de 28 anos está a desenvolver o projeto “Life on the Edge: Unraveling Arctic Microbial Transformations from Winter to Summer”, que investiga como os ecossistemas marinhos do Ártico — uma região que aquece quatro vezes mais rápido do que a média global — respondem a mudanças ambientais rápidas, nomeadamente no que diz respeito às comunidades microbianas.

Eva Lopes está, pela primeira vez, na estação científica de Ny-Ålesund, em Svalbard, Noruega, como investigadora principal. Durante o projeto, que decorre até 25 de outubro, a doutoranda realiza experiências de simulação de alterações nos ecossistemas utilizando culturas de algas diatomáceas e do género Phaeocystis, analisando como a entrada sazonal de biomassa afeta a disponibilidade de nutrientes como nitrato, fosfato e sílica.

O estudo foca-se na composição e nas interações das comunidades microbianas, incluindo procariotas e protistas, avaliando mecanismos de adaptação e interação microbiana em cenários de mudança ambiental. Estes microrganismos desempenham um papel central na reciclagem de nutrientes, sendo essenciais para a eficiência dos ciclos produtivos dos ecossistemas marinhos.

A bolsa, no valor de 10 mil euros, será determinante para o capítulo final da tese de doutoramento de Eva Lopes, que integra a equipa de Ecologia e Biogeoquímica dos Microbiomas do CIIMAR. O seu trabalho de investigação conta com a orientação de Catarina Magalhães (FCUP/CIIMAR), Miguel Semedo (CIIMAR) e Philipp Assmy (Instituto Polar Norueguês).

Esta é a quinta expedição de Eva Lopes ao Ártico, região onde tem desenvolvido trabalhos de campo desde 2023. As missões anteriores incluíram campanhas de monitorização pelágica sazonal, recolha de amostras genómicas e de nutrientes, e uma expedição a bordo do navio de investigação Mirai, do instituto JAMSTEC, no Japão.

Durante a presente expedição, a doutoranda recolheu amostras a bordo do navio Jean Floc’h, a 200 metros de profundidade, utilizando garrafas de Niskin de 12 litros. As análises laboratoriais iniciais estão a ser realizadas na estação científica, sendo o restante estudo conduzido no CIIMAR, em Portugal.

O projeto de Eva Lopes reforça a compreensão das respostas microbianas no Ártico, contribuindo para o conhecimento sobre os impactos do aquecimento global nos ecossistemas marinhos.