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Opinião
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Proteção Civil: Entre desafios estruturais e a urgência de uma visão partilhada

A sociedade contemporânea exige, de forma crescente, uma resposta eficaz dos organismos do Estado no domínio da proteção e segurança das populações.

Redação

A par dos riscos tradicionais, surgem hoje novos riscos emergentes que ampliam, de forma exponencial, os desafios enfrentados pelas organizações responsáveis pela proteção civil.

Nas últimas semanas, muito se tem falado sobre proteção civil. No entanto, a maioria da população continua a desconhecer o verdadeiro significado deste conceito, os valores que lhe estão subjacentes e os desafios que comporta. Importa salientar que a proteção civil possui uma natureza bidirecional, não se limita às responsabilidades das organizações, mas implica igualmente o envolvimento ativo da própria população, que deve assumir um papel consciente e participativo na sua segurança e na dos outros.

Vivemos ainda num país marcado por fortes assimetrias. Apesar da existência de diplomas legais que estabelecem diretrizes para o funcionamento dos serviços de proteção civil, apenas aqueles que ousam pensar “fora da caixa” conseguem implementar projetos capazes de melhorar de forma significativa a segurança das comunidades.

Todavia, tal não é suficiente. É fundamental reconhecer que nunca estaremos totalmente preparados para enfrentar grandes catástrofes, nem disporemos da totalidade dos recursos necessários para lhes dar resposta plena. Esta limitação não resulta de desorganização, mas de uma incapacidade estrutural previsível, face às crescentes exigências impostas pelos riscos naturais, tecnológicos e mistos, cada vez mais complexos e imprevisíveis.

Ainda assim, em pleno século XXI, continua a ser lamentável que a mera passagem de um concelho para outro se traduza numa mudança substancial de visão, abordagem e práticas. A proteção civil não pode, nem deve, ser instrumentalizada por agendas políticas ou utilizada como bode expiatório para justificar falhas. Pelo contrário, deve ser entendida como uma atividade nobre e estratégica, que exige compromisso, coerência e uma visão de futuro partilhada.

Somente quando todos trabalharmos em conjunto, partilhando objetivos, interesses e instrumentos comuns, desde a base da pirâmide, isto é, ao nível municipal, conseguiremos elevar de forma consistente a segurança coletiva e reforçar a resiliência das nossas comunidades.

Tenho dito...

Hélder Pinto - Licenciado em Proteção Civil; Mestrando em Ordenamento Território e Sistemas de Informação Geográfica; Adjunto Comando CBV Penafiel.