Liliana Castro é professora de dança: "Através desta paixão consigo passar a minha felicidade aos outros e isso não tem preço"

“Desde sempre” acompanhada pela vontade de dançar, a baionense de 34 anos era a única da família com “este gosto pela dança”, ou assim pensava.

“Quando comecei o meu percurso profissional, a minha avó disse-me assim: Sabes, filhinha, tu puxaste isso a mim. Adorava dançar. Se na minha altura houvesse o que há agora, teria sido dançarina”, conta Liliana Castro.

À semelhança da avó, a jovem também não teve a oportunidade de praticar dança durante a infância: “Não havia escolas de dança em Baião, só podia dançar nas festinhas da escola e em casa”, lamenta. Ainda assim, estes pequenos momentos eram o suficiente para “me deixar sempre com a dança na minha cabeça”.

Quando chegou a altura de escolher um curso universitário, Liliana Castro ponderou seguir a sua paixão, mas, como “há 20 anos isto ainda não era visto como uma carreira com futuro”, optou por entrar num curso de fesporto. “Não posso ir para a Escola Superior de Dança, vou para Desporto”, disse determinada. Três anos depois, já licenciada, aceitou uma oportunidade para dar aulas de fitness em Baião, passando depois para aulas de zumba, mas este estilo "não era o que queria ensinar”. Motivada pelo gosto e ambição de fazer aquilo de que gostava, a professora passaria a ensinar “outros estilos, como o hip hop e o comercial”.

Inicialmente a ensinar dança para uma turma de sete alunas, ainda demorou “alguns aninhos” até que Liliana Castro visse as turmas a crescer. As aulas cresceram de sete para 43 alunos e foi por volta desta altura que a professora percebeu “que é isto que quero fazer diariamente para o resto da minha vida é disto que gosto, por isso, vou arriscar”.

Abandonou o ginásio onde trabalhava, alugou um espaço e começou a dar aulas de forma independente. “Felizmente, as coisas foram correndo muito bem e as turmas foram crescendo”. Com esse crescimento veio a necessidade de um espaço maior e nasceu então a Academia de Dança Liliana Castro, que hoje acolhe mais de 140 alunos. 

Alunos com os quais a instrutora partilha “uma ligação muito forte, comigo, uns com os outros e com os pais também”. Ser professor de dança “não é só chegar à aula, passar a coregorafia e dizer até para a semana”, Liliana Castro faz um esforço “para estar atenta” à vida dos jovens que ensina. Uma conexão “que se vai criando ao longo dos anos, tenho crianças que estão comigo desde os três anos de idade e entretanto este ano já vão para a faculdade, nenhum tipo de professor consegue acompanhá-los durante tanto tempo”. 

Desde “desabafar sobre a vida deles” até “almoçar juntos”, Liliana Castro afirma com orgulho que criou “um forte de vínculo de amizade” com muitos dos seus alunos. Entre os quais, Iara Vieira se destaca por “ter sido minha aluna desde pequenina e agora ajuda-me a dar aulas na academia”.

A segunda professora de dança da Academia de Dança Liliana Castro, Iara Vieira começou a ajudar a antiga instrutora, agora colega, depois de ter terminado a universidade. “Ter a Iara a ajudar-me é uma sensação muito boa. Através dela consigo perceber que o gosto que consigo passar o gosto pela dança aos outros, para quando um dia deixarmos de fazer estas coisas alguém vai continuar a faze-lo”, diz a professora. Descrevendo a colega como “um porto seguro, que esteve lá para mim sempre que precisei”, Liliana Castro não esconde sentir que “ter a Iara ao meu lado é maravilhoso e sei que juntas conseguiremos ainda mais no futuro”.

Para a instrutora de Baião, dançar " é uma forma de nos expressarmos e transmitirmos um pouco da nossa forma de ser. Quem me conhece percebe isso, desde as músicas e às roupas que escolhemos, acho que tudo isso diz algo sobre nós". Dançar "é tudo o que me faz sentir feliz, perfeita, plena, transmite-me paz e alegria e é através desta paixão que consigo passar a minha felicidade aos outros e isso não tem preço". 

Confiante de que a academia ainda tem muito pela frente, Liliana Castro aproveitou para deixar uma mensagem  atodos os aspirantes a bailarinos:  “Se realmente gostam, independentemente da idade, corram atrás. O 'não' é garantido e o fim conquista-se. Mesmo que pensem nunca dancei, não sei dançar, vão aprender. Se sentirem que devem continuar, então é isso que devem fazer".