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Sociedade
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Conselho da Europa critica “sanções brandas” em casos de violência doméstica em Portugal

O Grupo de Peritos Independentes do Conselho da Europa sobre a implementação da Convenção de Istambul (GREVIO) alertou esta semana para a existência de “sanções brandas e desproporcionadas” aplicadas em Portugal em casos de violência doméstica e sexual.

Redação

No relatório agora divulgado, o GREVIO reconhece que Portugal tem feito “progressos significativos” no combate à violência contra as mulheres, mas considera que persistem lacunas importantes na aplicação da Convenção de Istambul, ratificada por Portugal em 2013.

Entre as principais recomendações, destaca-se a necessidade de introduzir formação inicial e contínua obrigatória para os profissionais do sistema judicial, de forma a combater atitudes patriarcais e práticas que, segundo o relatório, continuam a privilegiar a unidade familiar em detrimento dos direitos das vítimas.

O grupo critica ainda a utilização da chamada “síndrome de alienação parental” em processos de regulação do poder parental com histórico de violência doméstica e aponta a ausência de uma linha telefónica nacional de apoio a vítimas de violência que funcione 24 horas por dia, sete dias por semana.

O GREVIO defende igualmente a eliminação de obstáculos legais ao acesso a casas de abrigo, como a exigência de apresentação de queixa, e sugere a revisão urgente das ordens de proteção de emergência, que atualmente demoram 48 horas a ser emitidas.

Apesar das críticas, o relatório elogia os avanços registados desde 2019, nomeadamente a reforma da definição legal de violação baseada no consentimento, a criação de equipas de prevenção da violência em unidades de saúde e os gabinetes de apoio às vítimas junto do Ministério Público. O GREVIO destaca também os esforços de sensibilização em torno da mutilação genital feminina.