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Portugal
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Papa Francisco recordado em Fátima como "defensor da paz, do ambiente e da proximidade com os fiéis"

Reitor do Santuário destaca legado "espiritual e renovador" do pontífice, falecido esta segunda-feira, dia 21 de abril.

Redação

O Papa Francisco, falecido esta segunda-feira, 21 de abril, aos 88 anos, é recordado pelo reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, como uma figura marcada por uma “profunda preocupação pela paz” e pela causa ambiental.

Em declarações prestadas aos jornalistas no Santuário de Fátima, em Santarém, o responsável destacou o impacto das guerras recentes, como a da Ucrânia e o conflito entre Israel e a Palestina, no coração do Papa. “Percebeu-se claramente que, nestes últimos anos do seu pontificado, o drama da guerra tocou profundamente o Papa”, afirmou.

Fátima como palco de gestos simbólicos pela paz

O reitor recordou, em particular, o gesto simbólico de Francisco ao consagrar a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, em 2022, numa celebração simultânea entre Roma e Fátima. Um momento de forte impacto espiritual, vivido em comunhão com milhões de fiéis, e que reforça a ligação do Papa à mensagem de Fátima. “Francisco tinha uma ligação a Fátima mesmo antes de ser eleito Papa. Foi ele que pediu, no momento da sua eleição, ao então cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que consagrasse aqui o seu pontificado”, recordou Carlos Cabecinhas. A consagração decorreu a 13 de maio de 2013.

Um Papa atento à ecologia e ao povo de Deus

Outro dos legados destacados pelo reitor é a preocupação ambiental do pontífice. “Sublinhou de forma muito particular esta causa, que é uma das grandes novidades do seu pontificado e certamente um dos legados mais marcantes”, afirmou.

A proximidade com os fiéis foi também uma das marcas do Papa Francisco. Carlos Cabecinhas lembrou momentos vividos durante a visita a Fátima em 2017, por ocasião do centenário das aparições e da canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. “Ao descer o recinto de oração, saiu do papamóvel para percorrer parte do percurso junto dos peregrinos”, partilhou.

Durante a Jornada Mundial da Juventude, em 2023, o Papa voltou ao Santuário e usou a imagem da Capelinha das Aparições, “sem portas nem paredes”, como metáfora para uma Igreja "aberta e acolhedora".

Mensagem pessoal e legado para o futuro

Em 2017, o Papa deixou duas recomendações pessoais ao reitor: que o Santuário de Fátima fosse sempre um espaço de acolhimento universal, e que os sacerdotes que ali servem fossem “imagem de misericórdia”.

“Francisco foi uma figura particularmente próxima da mensagem deste lugar”, declarou Carlos Cabecinhas. E, mesmo perante o conhecimento da fragilidade da sua saúde, o reitor confessou ter sido "surpreendido" com a notícia da morte, especialmente após o Papa ter saudado os fiéis, como habitualmente, no último domingo na Praça de São Pedro.

“Caminho sem volta atrás” na renovação da Igreja

Sobre o futuro da Igreja, o reitor está convicto de que “o caminho de renovação aberto por Francisco é um caminho sem volta atrás”. E acredita que a ligação de Fátima ao Vaticano continuará a ser "forte, independentemente do sucessor de Francisco".

“O Santuário de Fátima sempre contou com a atenção do Papa e do bispo de Roma, e estou certo de que assim continuará a ser”, concluiu Carlos Cabecinhas.