A situação está a gerar preocupação entre associações ambientalistas, que pedem ação imediata da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
O movimento #MovRioDouro, em conjunto com a associação ambientalista ZERO, exige que a APA proceda à monitorização urgente da qualidade da água em todas as zonas de banho não classificadas e que alerte a população para os riscos de frequentar áreas sem controlo sanitário.
A época balnear de 2025 arrancou com 673 águas balneares classificadas em todo o país, 23 das quais localizadas na Bacia Hidrográfica do Douro. Contudo, nenhuma dessas se situa no estuário do rio, onde continuam a registar-se utilizações balneares informais e sem monitorização, apesar da presença de infraestruturas como sanitários e bares.
“Quando não existe monitorização e divulgação dos resultados das análises, as pessoas acabam por se expor a riscos invisíveis”, alerta Gustavo Briz, do #MovRioDouro, que teme que muitas destas zonas, caso fossem analisadas, pudessem vir a receber bandeira vermelha devido a contaminação microbiológica.
Atualmente, na Área Metropolitana do Porto, apenas a praia fluvial da Lomba, em Gondomar, está classificada como própria para banhos em 2025. Outros locais muito frequentados, como o Areinho de Oliveira do Douro (Gaia) ou Zebreiros (Gondomar), continuam fora da lista oficial e, por isso, sem qualquer vigilância sobre a qualidade da água.
A exposição a águas contaminadas, sobretudo com origem em descargas de esgotos e deficiências no tratamento de águas residuais, representa riscos significativos para a saúde pública. As infeções gastrointestinais, dermatológicas, otites e conjuntivites são algumas das consequências do contacto com água imprópria, sendo especialmente perigosas para crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas.
Sara Correia, da ZERO, considera que “não basta alertar: é preciso garantir que estas zonas não são promovidas nem equipadas como se fossem seguras. A criação de condições que incentivam os banhos sem garantir a qualidade da água é irresponsável e coloca milhares de pessoas em risco”.
As organizações pedem não só análises regulares e a divulgação dos respetivos resultados, como também uma atuação coordenada entre a APA e as autarquias locais, no sentido de proteger a saúde pública e travar a utilização de zonas sem classificação como se fossem praias balneares seguras.
O #MovRioDouro reafirma o seu compromisso com a preservação do património natural do rio Douro e desafia as entidades competentes a evitarem mais um ano de inação e opacidade relativamente à qualidade das águas fluviais da região.