A denúncia foi avançada pelo Jornal Económico esta segunda-feira, 4 de agosto.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um alerta para o aumento de burlas com falsas ofertas de trabalho online, um fenómeno que tem vindo a atingir “muitas vítimas em Portugal”, particularmente jovens à procura do primeiro emprego e pessoas desempregadas.
A denúncia foi avançada pelo Jornal Económico esta segunda-feira, 4 de agosto.
Os esquemas fraudulentos têm início com mensagens que aparentam ser de recrutamento: “Recebemos o seu currículo”, “Convidamo-lo a juntar-se à nossa equipa online” ou “Ganhe até 600 euros com tarefas simples”. As comunicações são feitas por chamadas automáticas, SMS ou mensagens escritas, com promessas de remunerações elevadas por tarefas fáceis, como clicar em links ou promover páginas online.
Segundo o Jornal Económico, estas abordagens são, na realidade, esquemas organizados com o objectivo de obter vantagens patrimoniais das vítimas. Os burlões, que se fazem passar por representantes de recursos humanos, conduzem os alvos para grupos em plataformas como o WhatsApp ou o Telegram, onde o esquema continua.
As tarefas mais comuns incluem avaliar hotéis — usando falsamente o nome da Booking — ou colocar “likes” e seguir perfis nas redes sociais. Inicialmente, os “trabalhadores” chegam a receber pequenos montantes (até 10 euros), incentivando-os a continuar. Em fases seguintes, são-lhes propostas tarefas mais lucrativas, mediante o adiantamento de dinheiro — quantias essas que supostamente seriam devolvidas com comissões generosas. No entanto, os valores nunca são restituídos, e os burlões desaparecem assim que a vítima se recusa a transferir mais dinheiro ou tenta recuperar o investido.
De acordo com a PGR, algumas vítimas acabam, sem o saber, por participar em esquemas de branqueamento de capitais, ao movimentar verbas entre contas bancárias através de plataformas como o MBWay. A maioria das vítimas não verifica a identidade da suposta entidade empregadora, nem questiona a legalidade das funções que lhes são propostas.
Contactado pelo Jornal Económico, o Gabinete de Cibercrime da PGR confirmou estar atento ao fenómeno e referiu que, desde 2023, tem recebido múltiplas denúncias, que têm vindo a aumentar. Em 2023, foram contabilizadas 42 denúncias relativas a este tipo de burla. Em 2024, até à data divulgada, esse número subiu para 253 — representando já 7,29% do total de denúncias de cibercrime.
O Gabinete de Cibercrime recomenda que qualquer contacto deste tipo seja ignorado e reforça que as queixas devem ser formalizadas presencialmente, com prova documental adequada. O fenómeno é descrito como uma “praga”, que se tem sofisticado e está a causar “grandes prejuízos económicos”, especialmente a pessoas em situação vulnerável.