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Saúde e Bem Estar
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Santa Saúde: Compreender e Prevenir a Gastrite

A gastrite é uma inflamação da parede interna do estômago, que pode surgir de forma súbita (gastrite aguda) ou desenvolver-se lentamente ao longo do tempo (gastrite crónica).

Redação

A infeção pela bactéria Helicobacter pylori é um dos principais fatores de risco para gastrite crónica, mas também para condições pré-malignas, como metaplasia intestinal e atrofia-gástrica, e para o cancro gástrico. Estima-se que cerca de 60 a 70% da população adulta portuguesa esteja infetada por esta bactéria, sendo a infeção adquirida, principalmente, na infância.

Outros fatores de risco para gastrite são o uso prolongado de medicamentos, como os anti-inflamatórios, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e de alimentos fumados e hipercalóricos. Muitas vezes, a gastrite pode não causar sintomatologia. Quando se manifesta, os sintomas mais comuns são a dor ou desconforto na parte superior do abdómen, náuseas, a sensação de enfartamento ou a perda de apetite.

O exame mais importante para diagnosticar a gastrite é a endoscopia digestiva alta. Durante a endoscopia são feitas biópsias (pequenas amostras da mucosa gástrica) para análise ao microscópio, que ajudam a confirmar a inflamação, detetar a presença de Helicobacter pylori e identificar alterações mais graves, como atrofia da mucosa ou metaplasia intestinal — que são consideradas lesões pré-malignas, ou seja, com risco de evoluir para cancro gástrico.

O tratamento da gastrite depende da causa

Quando a infeção por Helicobacter pylori é detetada, é necessário um tratamento com antibióticos para erradicar a bactéria. Se a gastrite estiver relacionada com medicamentos, como os anti-inflamatórios, deve-se, se possível, suspender o uso destes. É também essencial adotar um estilo de
vida saudável, evitando o tabaco e reduzindo o consumo de álcool, bem como cumprir uma dieta equilibrada.

A vigilância deve ser personalizada, atendendo a fatores como a idade, a história familiar e a presença de lesões pré-malignas. Nestes casos, preconiza-se uma vigilância endoscópica regular.

Em resumo, na maioria dos casos, a gastrite pode ser tratada, mas poderá levar a uma eventual complicação se não for devidamente orientada.

Consultar o médico de família ou um gastrenterologista em caso de sintomas persistentes é fundamental para o diagnóstico atempado e uma abordagem eficaz.

Maria João Magalhães - Assistente Hospitalar de Gastrenterologia Diretora Técnica da Unidade de Gastrenterologia do Centro de Diagnóstico do Hospital Santa Isabel