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Penafiel
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“As bibliotecas não desapareceram, refizeram-se”: Adelaide Galhardo sobre Dia Mundial das Bibliotecas

A Biblioteca Municipal de Penafiel, sob a direção de Adelaide Galhardo, tem vindo a transformar-se para responder aos desafios dos tempos atuais, mantendo, no entanto, a sua missão de promoção da leitura e acesso à informação.

Redação

Neste que é o Dia Mundial das Bibliotecas, abordamos a importância deste espaço que permanece central na vida da comunidade penafidelense. 

"Eu acho que as bibliotecas continuam a ter exatamente a mesma importância", afirma Adelaide Galhardo. "Tiveram é que se modificar, ajustar aos tempos dos dias de hoje", acrescenta.  

A diretora explica que as bibliotecas continuam a privilegiar o livro, mas incorporaram também as novas tecnologias. Desde o catálogo online às reservas digitais, passando pelo serviço BiblioLED – que disponibiliza livros em formato digital –, as bibliotecas públicas expandiram o seu alcance e tornaram-se mais acessíveis e versáteis.

"Atualmente as pessoas podem fazer reservas de livros online. Há também todo um serviço que as bibliotecas têm de empréstimo de livros digitais. (...) Tudo isso as bibliotecas incorporaram no seu dia-a-dia", detalha. 

Chegar a todos os públicos da comunidade

A missão de descentralização dos serviços é uma das marcas da biblioteca penafidelense. Com pólos em Galegos e Castelões, uma Biblioteca Itinerante e outros projetos de proximidade, a instituição procura assegurar que todos os munícipes têm acesso à leitura, independentemente da sua localização ou condição.

"A Biblioteca Itinerante integra-se dentro de um projeto que a biblioteca tem de fazer com que os seus serviços consigam chegar a toda a comunidade de Penafiel", sustenta. Além da rede escolar, a biblioteca também chega às IPSS e centros de dia, através da iniciativa Maleta Mágica, que leva livros e atividades a quem menos facilmente se pode deslocar.

"Temos várias valências no sentido de centralizar os nossos serviços (...) para aqueles que têm mais dificuldade de chegar aqui ao centro da cidade", explica. 

O livro como companheiro e instrumento de desenvolvimento

Numa perspetiva pessoal, Adelaide Galhardo assume uma relação antiga e cúmplice com os livros. Cresceu em Penafiel e, desde cedo, foi incentivada à leitura, tanto em casa, como por influência familiar e comunitária. Lembra, com carinho, os tempos em que passava as férias na antiga biblioteca da cidade, onde uma tia trabalhava, e onde se desenvolveu o gosto pela leitura.

"Lembro-me quando era miúda, aqui em Penafiel, o senhor Afonso Leal tinha ali na sua loja livros que cedia facilmente a qualquer criança. Eu morava ao lado e ia lá buscar", destaca. 

Para Adelaide, o livro assume um papel multifacetado: pode ser informativo, educativo ou recreativo. É uma fonte de lazer, conhecimento e autodescoberta. "Uma pessoa que lê tem de certeza mais facilidade em comunicar, (...) tem acesso a conhecimentos que lhe permitem abordar várias áreas", defende. 

A diretora destaca ainda a dimensão emocional da leitura: "Costuma-se dizer que quem tem um livro nunca está só. (...) Há pessoas que dizem que viajam através de livros sem sair de casa." Sublinha também a forma como os livros evoluem connosco ao longo da vida: "Um livro que nós lemos aos 13, 14 anos vamos compreendê-lo de uma forma diferente aos 30, aos 40 e aos 50."

Muito mais do que livros: a biblioteca como casa da cultura

Para além da leitura, a biblioteca de Penafiel tem procurado ser um espaço plural de cultura, acolhendo música, teatro, exposições e, claro, encontros com escritores.

"Neste momento, temos uma exposição sobre o Júlio Dinis, sobre Camilo, sobre Camões. Nós temos aqui várias formas de expressar a literatura e não só", refere. Em julho, terão lugar encontros com autores como José Rodrigues dos Santos, Carlos Steinwender e Ana Gomes, esta última com uma intervenção centrada em Virginia Woolf, tema da sua dissertação de mestrado.

"É uma forma das pessoas poderem conhecer quem está por trás dos livros, quem escreve, e também com certeza será uma noite agradável em que nos poderão visitar e conhecer melhor este espaço", considera. 

“Não concebo que alguém trabalhe numa biblioteca e que não goste de ler”

Adelaide Galhardo admite que lê muito e que mantém uma vasta biblioteca pessoal em casa. Mas, para si, mais do que quantidade, importa o amor genuíno pelos livros.

"Não digo que devoro livros, que eu leio muito, leio, e que tenho uma boa biblioteca, a minha casa tem. Mas sou uma pessoa que gosta imenso de ler. Aliás, nem concebo que alguém trabalhe numa biblioteca e que não goste de ler", atira. 

Insiste na importância de cultivar esse gosto desde cedo, em casa, para que a escola e as bibliotecas possam continuar esse percurso: "Para se criar leitores é preciso que o próprio ambiente familiar proporcione à criança desde pequena o gosto pela leitura". 

“As bibliotecas são a casa de todos”

Num dia como o de hoje, Adelaide Galhardo lança um olhar sobre a evolução das bibliotecas. Para si, estas não desapareceram: adaptaram-se aos novos tempos. Tornaram-se centros de acesso à informação em múltiplos formatos, com o objetivo de chegar a todas as pessoas, independentemente da sua idade, condição social ou origem.

"Eu costumo dizer: é importante que a biblioteca seja a casa de todos", acentua. 

E se é verdade que há quem diga que a vida só está completa depois de escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore, Adelaide responde com humor e simplicidade: "Já fiz os três (risos)".

Para quem ainda não conhece a Biblioteca Municipal de Penafiel, deixa um convite direto:
"Que nos visitem, que aproveitem agora que as pessoas estão de férias para vir aqui requisitar livros, para nos conhecerem e usufruírem daquilo que a biblioteca tem para oferecer"