Quando um acidente na pedreira onde trabalhava o deixou com problemas de coluna, ouviu do médico que não poderia voltar a trabalhar. Recusando-
-se a aceitar esse destino, lembrou-se de que já vendia tainha ao fim de semana e procurou conselhos junto de um peixeiro experiente da região. “Virei-me para o Mário e disse-lhe: não posso trabalhar mais nas pedras. Sou novo, não quero ficar rico, mas tenho os meus filhos para manter. Dá para fazer disto vida?” A resposta foi clara: “Depende daquilo que faças depois da volta.”
Assim, começou uma carreira de 30 anos, acordando às 03h00 para ir à lota de Matosinhos e vendendo porta a porta nas freguesias de Alpendorada, Várzea e Torrão. “Não tenho medo de trabalhar e não sossego enquanto não ficar com o carro vazio”, diz o peixeiro. Mas, aos 65 anos, admite que está cansado. “Adoro este trabalho, mas depois de tantos anos a levantar-me tão cedo, o corpo já pede descanso.”