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Uso de ecrãs após deitar aumenta risco de insónia em 59%, revela estudo

Estudo com mais de 45 mil estudantes revela que uma hora de ecrã após deitar reduz o sono em 24 minutos e eleva em 59% o risco de insónia. Uma hora de ecrã depois de deitar pode custar 24 minutos de sono e elevar risco de insónia em quase 60%.

Redação

Passar tempo em frente a um ecrã depois de se deitar aumenta significativamente o risco de insónia e reduz a duração do sono. Esta é a principal conclusão de um estudo publicado esta segunda-feira, 1 de abril, na revista científica Frontiers in Psychiatry, que analisou os hábitos noturnos de mais de 45 mil estudantes universitários na Noruega.

Segundo os investigadores, utilizar dispositivos eletrónicos durante apenas uma hora na cama depois da hora de dormir está associado a uma redução média de 24 minutos no tempo de sono e a um aumento de 59% no risco de insónia, definida como dificuldade em dormir e sonolência diurna frequente.

Estudo analisou hábitos de 45 mil estudantes

A investigação foi conduzida por uma equipa do Instituto Norueguês de Saúde Pública e baseia-se nos dados do Inquérito de Saúde e Bem-Estar dos Estudantes de 2022. Participaram 45.202 estudantes a tempo inteiro, com idades entre os 18 e os 28 anos, que responderam sobre os seus hábitos de sono e utilização de ecrãs à noite.

"O tipo de tempo de ecrã não parece importar tanto como a quantidade total de tempo passado em frente a um ecrã na cama", explicou Gunnhild Johnsen Hjetland, autora principal do estudo. Os investigadores procuraram saber durante quanto tempo os participantes usavam ecrãs após se deitarem e para que finalidade: redes sociais, séries, jogos, leitura, podcasts ou navegação na internet.

Redes sociais não são mais prejudiciais que outras atividades

Contrariando algumas ideias generalizadas, o estudo não encontrou diferenças significativas entre os efeitos das redes sociais e outras formas de uso de ecrãs, como ver filmes ou jogar. Ou seja, a atividade realizada no ecrã não influenciou o tempo que os participantes permaneceram acordados após se deitarem.

"Este estudo sugere que os ecrãs reduzem o tempo de sono porque substituem o descanso, e não necessariamente porque mantêm as pessoas mais despertas", acrescenta Hjetland.

Quatro formas de impacto negativo no sono

Os especialistas acreditam que os ecrãs afetam o sono de quatro formas principais:

  1. Notificações que interrompem o descanso.

  2. Tempo de ecrã que substitui o tempo de sono.

  3. Estimulação mental que atrasa o adormecimento.

  4. Exposição à luz que interfere nos ritmos circadianos.

Implicações para a saúde mental e o bem-estar

"Os problemas de sono são muito comuns entre estudantes e têm implicações sérias na saúde mental, desempenho académico e bem-estar geral", referem os autores. Embora estudos anteriores tenham focado sobretudo adolescentes, esta investigação amplia a evidência para jovens adultos.

Os dados analisados incluíram ainda informações sobre hora de deitar e acordar, tempo para adormecer, frequência de despertares noturnos e sonolência durante o dia. A insónia foi definida como sintomas persistentes por pelo menos três vezes por semana durante três meses.

Estudos futuros podem alargar conclusões a outros contextos culturais

Apesar da robustez da amostra, os investigadores alertam que os resultados refletem uma única cultura e podem variar noutros contextos socioculturais. Ainda assim, o estudo deixa um alerta claro: reduzir o tempo de ecrã na cama pode ser uma medida simples, mas eficaz, para melhorar a qualidade do sono.

Sugestões para melhorar o sono:

  • Evitar o uso de telemóveis, tablets ou portáteis após se deitar.

  • Criar uma rotina de sono consistente e livre de estímulos digitais.

  • Usar filtros de luz azul ao final do dia, se necessário.

  • Promover um ambiente calmo e escuro no quarto.

  • Optar por atividades relaxantes antes de dormir, como leitura em papel ou meditação.