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Portugal
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Cuidados paliativos: Arcebispo de Braga alerta para abandono dos doentes em Portugal

Na celebração da Morte do Senhor, D. José Cordeiro denunciou a falta de respostas nos cuidados paliativos, pedindo ação coletiva para colmatar a falha no sistema de saúde.

Redação

Nesta Sexta-feira Santa, 18 de abril, a Sé Primaz de Braga encheu-se de fiéis para a celebração da Paixão e Morte do Senhor, momento em que o Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, aproveitou para fazer um forte apelo à consciência coletiva da sociedade portuguesa, denunciando a carência de cuidados paliativos no país.

Numa homilia marcada pela reflexão e pelo apelo à compaixão, D. José Cordeiro destacou a situação dramática vivida por muitos doentes em fase terminal, que permanecem “privados de acompanhamento digno, compassivo e humano”. O prelado frisou que esta falha no sistema de saúde nacional “impede a esperança e as lícitas expetativas dos doentes e suas famílias”, colocando em causa a dignidade da vida humana num dos momentos mais sensíveis do seu percurso.

“A omissão nos cuidados paliativos é um sinal de indiferença que fere a nossa humanidade”, afirmou o Arcebispo perante uma catedral lotada, apelando ao envolvimento de todos — em particular dos cristãos — na exigência de respostas mais eficazes por parte do Estado e da sociedade civil. “É tempo de fazer ouvir a voz cristã de forma clara e determinada, em defesa da vida até ao seu termo natural”, sublinhou.

A intervenção do Arcebispo ganha particular relevo num momento em que se intensificam os debates públicos sobre o papel do Estado no apoio aos mais vulneráveis, nomeadamente os doentes em situação de sofrimento prolongado ou terminal. Apesar dos avanços legislativos e da criação de algumas unidades especializadas, o acesso aos cuidados paliativos continua desigual e insuficiente em grande parte do território nacional.

D. José Cordeiro recordou ainda que “a verdadeira compaixão não elimina a vida, mas acompanha com amor”, defendendo que o investimento em cuidados paliativos deve ser uma prioridade para um país que se quer solidário e justo. O apelo ecoou como um desafio aos decisores políticos, profissionais de saúde e à comunidade em geral.