logo-a-verdade.svg
Marco de Canaveses
Leitura: 4 min

José Jorge: Meio século a pescar culmina em medalha mundial

Ensinado pelo pai e pelo irmão a pescar, desde muito cedo José Jorge apanharia o gosto pela pesca, uma paixão que mais recentemente o consagrou como vice-campeão do mundo de pesca desportiva.

Redação

Natural de Sobretâmega, Marco de Canaveses, o pescador de 68 anos iniciou este percurso “aos 16 anos, quando me tornei membro dos Amadores de Pesca do Marco (APM) e até hoje nunca interrompi o meu percurso como pescador”, revela o atleta.

De pescar com a família a “juntar um grupinho de amigos para ir pescar e até fazer competições entre nós”, José Jorge não se vê a largar o desporto. “Tenho uma ligação muito forte à APM, represento a associação há 51 anos e eles sempre me apoiaram. E vou sempre apoiá-los de volta enquanto o clube não desistir”, reforça o pescador.

Para o veterano da modalidade, um bom dia de pesca traduz-se “num dia passado com os amigos. Ter um bom grupo para ir para a beira-rio é essencial. Haja muito ou pouco peixe, são as gentes que fazem o dia”, admite.

O caminho até ao alto rendimento: esforço, material e dedicação

O convívio entre camaradas impulsiona os encontros entre amantes da pesca, algo indispensável, visto que, para chegar a um alto nível de competição, “é preciso mesmo muito treino”.

Quando questionado sobre os requisitos necessários para ser campeão, José Jorge surpreende: “É preciso bom material, canas leves sobretudo, mas também mais alguns materiais que, ao fim do dia, fica caro comprar”.

No entanto, o pescador sublinha que a qualidade do equipamento não deve afastar quem queira começar: “Para boa pesca serve o mais barato. Agora, em competição, há uma exigência de bom material para podermos chegar aos pódios”.

Qualquer um pode experimentar a modalidade e apanhar o gosto. “Basta ir apanhar uns peixes com um grupo de colegas, apanham logo o gosto. Para mim, é uma coisa que me dá sossego à alma”, frisa o atleta.

Um sonho partilhado com o filho e concretizado no pódio

Visivelmente orgulhoso do seu percurso, José Jorge conta: “Já fui várias vezes campeão em todas as modalidades, desde Júnior a Veterano”. Mas a carreira pessoal não representa todas as suas conquistas — conseguiu também passar a paixão ao filho.

Desde sempre a acompanhar o percurso do pai, ninguém ficou surpreendido quando o filho seguiu as suas pisadas. “Por agora ele decidiu fazer uma pausa, embora ele tivesse sido campeão da Europa e campeão do mundo”, diz o pai, com orgulho.

Pai e filho apoiam-se mutuamente nas competições e, nesta última, José Jorge destaca a importância da presença do filho:
“Estava a competir em Portugal, em frente ao nosso público, mas melhor do que isso, tive a felicidade de ter o meu filho presente. E ele esteve sempre comigo, ali atrás de mim, a ser a minha voz de força e comando”, recorda.

Afunilando todas as vozes da multidão, o atleta salienta: “No meio de tanta gente era só a voz dele que estava a ouvir”. Um apoio que ajudou José Jorge a conquistar a medalha de prata.

“A sensação de ter participado foi a melhor possível, mas confesso que estou um pouco chateado por não ter conquistado o primeiro lugar pelo meu país. Preferia ter perdido a individual e ter sido campeão por Portugal”, confessa.

Apesar desse “resultado agridoce”, o vice-campeão admite:
“Realizei um sonho que procurava há 51 anos, um pódio mundial”.