Segundo o comandante dos Bombeiros de Arouca, José Gonçalves, os trabalhos durante a noite foram dificultados pelos acessos complicados, mas a situação apresenta-se esta manhã “mais calma”. “O fogo está ativo, ainda que a arder com pouca intensidade. Não há casas em perigo”, afirmou à agência Lusa, cerca das 08h45.
Os focos mais críticos situam-se nas zonas de Santa Eulália, Ribeiro Grande, Arressaio e, com menos intensidade, em Folgosinho. De acordo com a autarquia, estão ativos incêndios em Santa Eulália, Tropeço e Alvarenga.
No terreno, pelas 08h45, estavam mobilizados 766 operacionais, apoiados por 257 viaturas, cinco meios aéreos e três máquinas de rasto. A situação levou à interrupção do trânsito na Estrada Nacional 224, entre Arouca e Castelo de Paiva. A Câmara Municipal apela à população para evitar deslocações desnecessárias e seguir as recomendações das autoridades.
Prejuízos avultados e 4.000 hectares consumidos
A presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, revelou esta manhã que o incêndio já consumiu 4.000 hectares no território do concelho e provocou “muitos prejuízos que terão de ser avaliados”. Em declarações aos jornalistas, pelas 10h00, junto ao quartel dos bombeiros, a autarca sublinhou que, embora não tenham ardido casas de primeira habitação, “há muitos danos em habitações”.
“O foco é recuperar o território assim que as condições o permitirem (…) É momento para agradecer, mas também de fazer a avaliação dos estragos. Em área ardida, só no território de Arouca são 4.000 hectares. Há prejuízos e tem de ser feita uma avaliação cuidada”, afirmou Margarida Belém.
Apesar da melhoria da situação, a autarca referiu que “a preocupação continua”, uma vez que “as possibilidades de reacendimento são grandes”. “Os ventos são fortes e podem mudar, as dificuldades são imensas”, alertou.
Incêndio mantém três frentes ativas
O comandante de operações de socorro, Hélder Silva, confirmou que o incêndio “está muito mais calmo”, mas mantém três frentes ativas: Arouca (com 80% da área em resolução), Castelo de Paiva para Cinfães (com 30% em resolução) e Fornelos/Travanca, que “requer atenção pela dificuldade de acessos”.
“Não há neste momento casas em risco, mas os terrenos e os acessos são muito difíceis. Pode haver ventos que façam com que o incêndio progrida para habitações. Temos todos os meios empenhados no terreno, cinco meios aéreos a trabalhar, seis máquinas de rasto a fazer consolidação do perímetro. Este incêndio é enorme. É muito demorado”, explicou Hélder Silva.
Durante a noite, os operacionais realizaram trabalhos de consolidação, embora o comandante tenha sublinhado a necessidade de manter vigilância constante devido à instabilidade dos ventos: “Temos de estar muito atentos”, referiu.
O fogo, que já passou por várias freguesias de Arouca, propagou-se na segunda-feira ao concelho vizinho de Castelo de Paiva e chegou também a Cinfães, no distrito de Viseu.
Às 10h40, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), estavam mobilizados para o combate 780 operacionais, 265 viaturas e cinco meios aéreos.
O incêndio obrigou ainda ao encerramento temporário dos passadiços do Paiva e da ponte suspensa, dois dos principais pontos turísticos do concelho.