Ainda na infância, Fernando Barbosa percebeu o seu “jeito para jogar com as palavras e fazer rimas”, um gosto partilhado também pela família. Já com 15 anos, numa época em que se faziam uns teatros chamados “Récitas”, na localidade de Maureles, o jovem escritor foi convidado para fazer os textos satíricos.
“Há 65 anos onde é que havia livros, televisão, telefone, mas alguém tinha de escrever os textos”. O tempo continuou a passar e Fernando Barbosa não se voltou a debruçar sobre o seu jeito para a escrita. Muitos anos depois, o aposentamento de uma colega de trabalho levou-o a recorrer novamente à escrita. “Era uma verdadeira senhora. Na altura estava numa filial e no dia da despedida não tinha nada para lhe oferecer, naquela altura não havia nada, hoje vamos a um shopping e temos tudo, mas antes era difícil. Fiquei constrangido e decidi ir à reprografia, trouxe algumas folhas e em cerca de dez minutos fiz umas 20 ou 30 quadras a rimar sobre a vida dela, porque conhecia bem a ela e à família”.
No momento da despedida, o marcoense entregou a prenda e, pouco depois, viu as lágrimas a correr pelo rosto. “Ela abraçou-me e disse: ‘foi a melhor lembrança que me deram’", recorda. Mais uma vez, Fernando Barbosa notou “admiração” no rosto das pessoas, mas como se diz em bom português, a escrita ficou ‘em águas de bacalhau’.