logo-a-verdade.svg
Amarante
Leitura: 5 min

No Dia Nacional do Médico, Jonathan dos Santos sublinha: “Mais do que um orgulho, ser médico é uma honra”

Jonathan dos Santos, médico de família, natural de Amarante, 37 anos, não tem dúvidas: “Mais do que orgulho, é uma honra”. Neste 18 de junho, Dia Nacional do Médico, o clínico partilha a sua visão sobre a profissão, os desafios atuais da medicina e a importância da humanização dos cuidados de saúde.

Redação

Com uma presença ativa nas redes sociais através da página “O teu médico de família”, o Dr. Jonathan tem procurado aproximar-se da população e desmistificar mitos sobre a prática médica. “Isto vem no sentido de, não só o meu trabalho como o de vários médicos, estarmos presentes nas redes sociais para combater a desinformação. Melhorar o conhecimento que a população deve ter de base melhora a sua saúde”, afirma.

Para o médico, é fundamental investir naliteracia em saúde: “Uma pessoa bem informada é uma pessoa com mais saúde. Se as pessoas recorrerem ao médico sempre por tudo e por nada, sobrecarregam um sistema que já está sobrecarregado”.

Sobre o conhecido fenómeno do "Dr. Google", admite que pode ser tanto aliado como obstáculo. “Às vezes os doentes trazem hipóteses de diagnóstico válidas, mas outras vezes acreditam mais na internet do que no médico. Cabe-nos desconstruir isso e humanizar a relação”.

(Exemplo de publicação do "O teu Médico de Família)

Quando questionado sobre como se define enquanto profissional, Jonathan responde com simplicidade: “Posso considerar-me uma pessoa afável, simpática. Começo sempre uma consulta com um sorriso. E esse sorriso, quando é genuíno, cria empatia. Essa confiança é o primeiro passo para sermos bons médicos — e para os doentes serem melhores doentes”.

Recusa a ideia de que a profissão tenha perdido prestígio, preferindo ver as mudanças como naturais: “A medicina pratica-se de forma menos paternalista. O médico já não impõe, negocia com o doente. Há uma partilha que torna tudo mais humanizado. Antes, a solução era imposta. Hoje, é construída em conjunto”, analisa. 

Sobre o que o levou à medicina, recua até aos 14 anos. “Fui muito motivado por uma professora de Físico-Química. Eu era uma pessoa de raciocínio lógico, de ciência, e a medicina encaixou-se aí perfeitamente. Sempre fui ambicioso na evolução pessoal, e a vontade de fazer a diferença levou-me até à medicina”, destaca. 

(Exemplo de publicação do "O teu Médico de Família)

Jonathan é hoje especialista em Medicina Geral e Familiar, uma área que destaca como sendo muitas vezes mal compreendida: “Resolvemos cerca de 80% dos problemas de saúde. É uma especialidade, diferente da Clínica Geral, que muitos conhecem e apelidam”.

Trabalha atualmente num hospital privado em Paços de Ferreira, onde coordena a equipa de Medicina Geral e Familiar, faz investigação e está a realizar doutoramento na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Além disso, está envolvido em projetos tecnológicos e a estudar na Porto Business School, com o objetivo de desenvolver soluções de inteligência artificial para a saúde. “A tecnologia e a IA podem melhorar muito os cuidados prestados à população. Estou envolvido em projetos que ligam medicina e inovação”.

Partilha também uma citação que o inspira: “O bom médico trata a doença, o grande médico trata o doente”, de William Osler, considerado o pai da medicina moderna. Para Jonathan, é preciso mudar o paradigma: “Antes focava-se na doença; hoje o foco tem de ser a pessoa”.

Defende que o futuro da medicina passa pela prevenção e pelo controlo da doença crónica. “Não podemos querer os doentes nos hospitais. Devem estar fora deles, sempre que possível. É esse o caminho que as políticas de saúde devem seguir”.

E quanto ao futuro? “Eu não tenho alternativa”, responde, entre risos. “Ser médico uma vez é ser médico para sempre. Adoro o que faço. Mas além da prática clínica, quero ajudar a melhorar o sistema. E é isso que me move”.