De 21 a 27 de outubro, a cidade de Penafiel veste-se com as frases do músico, compositor, poeta e artista visual brasileiro, Arnaldo Antunes, o homenageado da 17.ª edição do “Escritaria”.
Esta sexta-feira, dia 25 de outubro, Arnaldo Antunes foi homenageado, no Jardim do Sameiro, com a inauguração do seu busto, de uma escultura dedicada à sua arte e também com uma espécie de árvore que teve oportunidade de escolher.
Arnaldo Antunes, escritor homenageado deste ano, partilhou sentir “muita emoção” com a inauguração do seu busto, mas também com a escultura e o castanheiro. “Adorei a escultura com a leitura circular da minha frase e também o castanheiro, foi a árvore que escolhi porque tenho boas lembranças de Portugal e de comer as castanhas assadas nas ruas. O envolvimento da comunidade é algo que me emociona e encanta muito, as frases expostas pelas ruas a dialogar com o espaço público deixa-me muito grato e tocado”.
Passar pelo concelho de Penafiel, conviver com as gentes desta terra e ver os seus versos espalhados pela cidade, tem sido uma fonte de “inspiração” para o escritor brasileiro, que confessa viver dias “intensos. Tudo o que a gente vive intensamente nos inspira, a gente processa e se torna criação, tenho vivido coisas intensas junto de outros escritores, convivendo com a cidade e com essa população linda”.
Ver uma das suas frases esculpidas é, para Arnaldo Antunes, motivo de “gratidão. A frase que está ali exposta fala da integração, não há nada mais gratificante do que uma homenagem como essa e depois a integração de diferentes povos”, esclareceu, acrescentando que os países de língua portuguesa estão “num bom caminho de integração através do uso de linguagem comum. Sinto o vínculo do Brasil com Portugal e a África, a língua proporciona-nos uma convivência muito mais íntima, por isso, fico contente do Brasil estar presente neste contexto”, elogiou.
Para Arnaldo Antunes a arte, nomeadamente a música, tem um “aspeto coletivo”, porque “fazemos música a tocar com outras pessoas, fazemos show para muitas pessoas, onde elas cantam connosco e essa interação é fundamental. Não existe canção ou poesia a sós”, foi a última mensagem que deixou.
Na visão do presidente da câmara municipal, Antonino de Sousa, o “Escritaria” está a ser uma “grande edição, com um sucesso imenso”, nomeadamente no “envolvimento da comunidade” que, através do Ponto C, tem enchido “permanentemente” salas.
Para o autarca, ver o homenageado “genuinamente feliz” é símbolo de que o objetivo foi atingido. “É importante que a homenagem seja verdadeiramente vivida, sentida e valorizada. Estamos perante um homenageado que para além da literatura tem a dimensão artística da música que gerou um maior entusiamo e envolvimento da comunidade e é positivo para o próprio festival que ganha mais notoriedade e visibilidade”.
Quando questionado sobre a escolha de um homenageado do Brasil, o autarca destaca que “não era possível ter um festival dedicado à língua portuguesa e não ter um brasileiro em 17 edições, isso não fazia nenhum sentido, e deu-se esta circunstância feliz de ser o Arnaldo Antunes”.
Fruto das “melhores condições e da dimensão”, os eventos no âmbito do “Escritaria” foram desenvolvidos no recém-inaugurado Ponto C, local onde se prevê que serão realizadas as próximas edições. “O Ponto C é muito direcionado para a música e permitiu criar estas dinâmicas com outros artistas que são próximos do Arnaldo”, foi referido.
Depois de inauguradas as esculturas, o homenageado e todos os participantes foram convidados a conhecer o Bosque do Escritaria, localizado no Jardim do Sameiro. Este ano, o executivo da Câmara Municipal de Penafiel decidiu introduzir uma nova forma de homenagear os escritores, através da plantação de árvores no Jardim do Sameiro. “O Bosque do Escritaria, como lhe decidimos chamar, é uma inovação deste ano. Colocamos uma árvore escolhida por cada um dos escritores que cá passou ao longo destas 17 edições, algumas das árvores, pelas suas características, foram materializadas através de peças escultóricas e, no fundo, é dar o sinal de que aquela era a árvore mais apreciada, por alguma razão, por aquele autor homenageado”.
Pensado ainda para este ano, o autarca espera voar até à Fundação Mia Couto, em Maputo, para homenagear mais um escritor em terras africanas, depois de Angola e Cabo Verde, de forma a realizar, “dentro daquilo que é possível, uma réplica do que acontece cá”, manifestando ainda o desejo de que o “Escritaria” também chegue ao Brasil. “Era algo interessante de acontecer, e dá uma oportunidade ao festival extraordinária de ser mais conhecido, mais valorizado”.
Sem entrar em muitos pormenores, Antonino de Sousa revelou que, em 2025, o “Escritaria” vai atingir a maioridade e, por isso, planeia-se uma “edição muito especial”.
Foto-galeria da inauguração das esculturas e árvore em homenagem a Arnaldo Antunes
Ler mais