A maioria das praias marítimas da zona Norte do país, desde Espinho até Caminha, terá nadadores-salvadores operacionais a partir deste sábado, dia 14 de junho, no arranque oficial da época balnear. A garantia foi dada à agência Lusa por responsáveis de quatro associações que asseguram o recrutamento e formação destes profissionais, que estimam ter cerca de 700 nadadores em funções ao longo da costa norte.
Os municípios de Espinho, Vila Nova de Gaia, Porto, Matosinhos, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo e Caminha integram o plano de vigilância costeira. Embora grande parte das escalas esteja já preenchida, em alguns concelhos ainda persistem dificuldades, nomeadamente em Esposende e Caminha.
Segundo Rui Cardoso, da associação Coordenada Decimal, com sede em Viana do Castelo, “será muito difícil a época balnear arrancar com normalidade” em Esposende, onde há 14 postos de praia, três dos quais da responsabilidade da autarquia. “Até ao momento, julgo que não haverá elementos para todas as praias”, alertou.
Em Caminha, o cenário é ligeiramente mais positivo, embora igualmente desafiante. A associação assegura a vigilância em cinco praias não concessionadas por protocolo com a autarquia, mas o número de profissionais ainda não permite total cobertura.
Já em Viana do Castelo, o planeamento está mais estabilizado. O mesmo responsável destaca que “as remunerações são competitivas”, mas reconhece que a escassez de efetivos é uma constante. Para colmatar lacunas, a associação recorre a nadadores de outras zonas do país, como Braga, onde há jovens disponíveis para se mobilizar.
Mais a sul, a associação Os Golfinhos assegura o serviço nos concelhos da Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Matosinhos e Porto. Carlos Ferreira, presidente da entidade, revela que entre 450 a 500 nadadores-salvadores estão preparados para iniciar funções.
“O plano está fechado e pronto a ser implementado. A articulação com as câmaras tem sido excelente e, em alguns casos, como na Póvoa e Vila do Conde, os municípios reembolsam os custos da formação aos jovens que optem por trabalhar nas praias locais, o que tem sido um forte incentivo”, afirmou.
Em Vila Nova de Gaia, uma das frentes costeiras mais extensas do país, o protocolo com a associação Summer Priority assegura mais de 90 nadadores, 55 dos quais em regime de permanência. Frederico Rosa, presidente da associação, sublinha que a melhoria das condições salariais tem sido decisiva: “Há uns anos um nadador-salvador ganhava cerca de 600 euros; hoje é mais do dobro. Isso ajuda a atrair jovens.”
Ainda assim, Rosa alerta para a necessidade de revisão do estatuto do trabalhador-estudante para estes profissionais, sugerindo que lhes seja permitido aceder a épocas especiais de exames, já que muitos são estudantes universitários.
Nos concelhos de Espinho e Ovar, é a associação Safetynor que assegura a vigilância das praias. Álvaro Brandão, responsável pela entidade, lamenta o menor envolvimento das autarquias em comparação com outras regiões: “Já temos todas as escalas preenchidas, mas era desejável maior apoio das câmaras. A segurança nas praias devia ser encarada como uma responsabilidade municipal.”
A associação Safetynor prevê cerca de 50 nadadores-salvadores em atividade diária nos dois concelhos durante o verão.